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domingo, 27 de agosto de 2023

Ansiedade e eventos sociais





Não sei quando eu desenvolvi ansiedade em níveis patológicos, mas lembro do dia que eu estava em uma sessão de psicoterapia com Lucy Galindo em que ela me chamou a atenção, logo, à autoconsciência dessa comorbidade. Eu já estava na fase adulta inicial estudando veterinária. Ela fez inclusive uma sessão guiada de relaxamento comigo onde eu deitei no divã da sala de atendimento que ficava no apartamento dela. Ela me fez perceber o quanto minhas pestanas não paravam com os olhos fechados. Ela me explicou que aquilo era um sinal do quanto eu era estressada. Então, me emprestou um CD com música instrumental_ ela amava CD's, DVD's e um computador antigo que ela usava para jogar Solitário no tempo livre. Ela já era idosa, diminuiu as atividades, mas não parou até sofrer um acidente e ficar tetraplégica. Nesse período, eu já estava na Bolívia. Liguei para ela, mas ela estava tendo problema na memória e logo faleceu. Eu só fiquei sabendo disso quando fui no prédio dela, anos depois. O porteiro me reconheceu e disse o ocorrido há 4 anos a partir desse dia da visita. Eu acho que ela teve sua última missão comigo, pois ela parecia bastante avançada na técnica de meditação com desenvolvimento de "superpoderes" mentais. 

Bem, na faculdade do Paraguai, eu recebi dicas de professores, alunos e demais profissionais que eu desenvolvi Transtorno de Ansiedade Generalizada. Então, pude entender porque é tão difícil para mim relaxar e porque eu suo tanto. Inclusive, alunos do primeiro ano, provavelmente da minha ex-professora, me fizeram me dar conta do comecinho de quando eu inicio a suadeira. O resultado, é que eu fico com os pés suados, logo, o sapato fica fedorento porque eu não tinha o hábito de limpá-los com a frequência exigida nessas situações. Então, minha memória me remete ao passado na época do CPI, Colégio Preparatório Integrado, onde meu único tênis tinha um chulé que subia aos narizes de quem estava sentado ao meu redor na sala de aula. Eu não podia balançar minhas pernas nem um segudinho que o fedor estava pairando no ar. Assim, minha forma de eliminar a ansiedade (balançar as pernas) era inibida por mim resultando na presença de estímulos ansiogênicos, seja não poder mexer os membros inferiores, seja a presença de pessoas aglomeradas _ embora a turma tenha sido acolhedora. Ainda tinha o fato de eu achar que era feio uma moça com chulé e também não querer incomodar com o fedor. Esse problema perdurou a minha vida inteira, no curso de acupuntura em 2016 e nas faculdades de medicina que eu cursei. Enfim, diminuiu muito a minha auto-estima e eu sou bem traumatizada quanto a isso.

O problema não é só esse, além disso aumentou de dimensão. Minhas roupas mal-lavadas ficavam com mal cheiro devido à suadeira e eu tenho incontinência urinária com estímulos ansiogênicos fortes. Já na Bolívia, eu percebi isso. Perguntei até a minha prima, que foi pra lá estudar igualmente, se ela precisava trocar a calça jeans todos os dias e se ficavam fedendo a xixi. Ela disse que não, que durava a semana toda com uma calça. Ela também ficou surpresa com a velocidade que eu conseguia evacuar o número 2. Na verdade, essa relativa rapidez ocorre quando eu fico ansiosa e o meu Trato Gastro-Intestinal (TGI) reage somatizando em diarreia ou quase diarreia. Pra ser sincera, passei minha adolescência tendo mais dificuldade para defecar, onde minhas fezes eram bolinhas, parecido com as de bode. Depois que comecei a me hidratar melhor, foi que a constipação ficou mais rara.  Essa questão de problemas digestivos e com determinados alimentos é motivo para uma nova publicação. Portanto, a ansiedade estimula minha ida ao banheiro tendo ligação direta com a fisiologia renal e do TGI.

Imagina, estar fedida atrapalha demais na concentração e no convívio social, sem contar a inerente falta de manejo social. Aliás, foi a partir do terceiro ano colegial, eu tive minha primeira grande desorganização mental porque estava sob enorme pressão social: tinha de estudar em um colégio com herança militar e exigência de disciplina com aula o dia todo e à noite, além do convívio conflituoso em casa com irmãos, enfrentando a adolescência...). Enfim, tudo junto e misturado me levou a não permanecer nas aulas, a não conseguir estudar em casa todas as matérias, tirar notas baixíssimas, mudar de colégios 3x e voltar para a casa de meus pais no interior (a primeira vez após ter saído para morar com minha irmã em Recife com 13 anos). Terminei o 3 ano na escola que minhas irmãs estudaram, o Creuza de Freitas, sendo o 4º colégio que cursei o terceiro ano do antigo ensino médio no início dos anos 2000. Só tive a tranquilidade de ir à aulas porque não havia pressão e minha melhor amiga de busão, Tita, era da mesma turma. Nós não formávamos mais aquela dupla, mas eu me senti acolhida por ela e pela turma. Aliás, quando eu falei a ela que eu saí do colégio por questões de "depressão" ou tristeza (eu não sabia da minha ansiedade também), ela não acreditou. Mas eu não dei importância porque eu era respeitada e aceita e não havia tanto estresse. Eu poderia estudar tranquila. Exceto, com relação ao professor de biologia, que gostava de humilhar em público. Ele me comparou com minhas irmãs ao me dizer em público: "você não é igual a suas irmãs". Ele se referia em termos de participação e inteligência, quando eu estava sentada no fundão, falando algo, perto dessa minha amiga dos tempos que íamos para a escola particular na cidade vizinha no ônibus escolar privado. A partir daí, eu me calei e fiquei acuada. Nunca mais fiquei em conversa paralela na aula dele. Ele era tipo aqueles professores "estrelas" e mau humorados. Fiquei com uma má impressão dele também. Entretanto, recentemente, quando eu e minha mãe caminhávamos, no início deste ano de 2023, ele passou pela gente, eu olhei para falar "oi" e ele virou o rosto e passou para o ponto do ônibus como se não tivesse visto ou reconhecido. Mas eu fiquei com a impressão que ele não quis falar mesmo.

Há alguns meses, fui ao posto de saúde para uma consulta médica geral e de nutricionista. Pude perceber vários dos sinais de ansiedade incontroláveis. Dei-me conta por conseguir observar sinais da médica me observando as mãos, por exemplo. Assim, com ajuda de amigos e profissionais, estou nesse processo de auto-conhecimento há anos, mas continuo ansiosa. Confesso que este post é resultado de uma conversa no messenger iniciada pela minha ex-professora e agora amiga que tive na UPAP, Lucila Acevedo. Durante a conversa, veio o vislumbre de que estou diante de estímulos ansiogênicos, quando ela me perguntou como eu estava. Aí falei, "ansiosa, mas feliz". Então, ela perguntou o por que eu pude raciocinar e dizer a ela que, em breve, terei eventos sociais novos: "no fim desse mês, eu tenho de levar minha cadela para castrar, depois psiquiatra on line e depois Enem". Só de escrever e lembrar deles minha perna começou a balançar automaticamente.

O fato é que eu acabado me esgotando mentalmente e não faço nada durante o dia todo. Com muito pesar, eu me esforço e consigo levantar da cama depois de uma noite mal dormida, apesar da indução da Quetiapina ao sono e de colocar os tampões de ouvido antes de adormecer. No entanto, o que faço é o mínimo do mínimo, por exemplo, coloco a comida e troco a água dos animais e me alimento também. Porém, eu deveria estar fazendo a higienização dos peludos todos os dias e estudando todas as matérias para o Enem, já que estou com tempo de sobra. Então, como me sinto ansiosa, vejo vídeos motivacionais, relaxantes, entusiasmantes, faço meu planejamento de atividades diárias e não consigo por em prática. Assim, ao não conseguir fazer as minhas obrigações como deveria, eu fico mais ansiosa ainda. O resultante ócio angustiante me leva a fazer coisas que gosto e acabo hiperfocando nos aplicativos de celular, nas artes manuais ou no Canva, por exemplo. Ademais, a pia enche de pratos sujos de dias anteriores, não faço comida e/ou como 2, 3, 4x vezes mais a quantidade ideal e fico propensa a consumir frituras mais vezes. O pior é que a comida em excesso preenche esse vazio ansioso por pouco tempo e logo estou querendo mastigar novamente. As consequências para a saúde física não são as melhores. Tenho histórico de colesterol no limite máximo permitido.

Procuro pensar positivamente. Tipo, eu venci mais um dia quando consegui lavar os pratos hoje, apesar de não ter varrido a casa ou lavado o quintal, nem estudado nem uma matéria para o concurso do Enem esse mês,ou essa semana ou nesse dia É ruim demais ficar nessa situação que me prende mentalmente e eu não saio desse estado inerte sozinha. Quero avançar, me sinto feliz e entusiasmada quando avisto a possibilidade de sair dessa prisão. No entanto, quando vejo que ainda estou acorrentada, volto ao estado ansioso. Será possível ser feliz e ansiosa? Ainda não sei, mas eu quero ajuda para sair desses estados mentais.

Por fim, embora eu tenha aprendido técnicas de relaxamento, como o Reiki, eu ainda não consigo relaxar totalmente. Ao contrário, a cada ano de minha vida adulta, os níveis de minha ansiedade aumentaram bastante. Dessa maneira, apesar de eu ter conhecimento teórico, eu não sei por em prática efetivamente. Eu preciso sempre de ajuda externa para conseguir me organizar de alguma maneira. Sem uma rede de apoio profissional, eu definho. Inclusive, desenvolvi Depressão Maior, mas não sei se é consequência da ansiedade ou/e das perdas de entes queridos (avó, cães, gata) e da exclusão social decorrente da intolerância e incompreensão da minha inabilidade de interação. Consequentemente, tudo isso tem me empurrado para um vale depressivo de isolamento social como um círculo vicioso em todas as fases da minha vida adulta. 

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