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"Bem vindo e bem vinda ao blog. Espero que goste do conteúdo. Muito obrigada pela visita. Deus te abençoe! e Volte sempre que quiser!" (Marília)

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Eu sou uma boa pessoa



"Você é uma pessoa boa, Mari". Essa frase eu já escutei algumas vezes de amigas e amigos "irmãos". Eu comecei a entender que as minhas crises eram uma reação a atitudes muitas vezes sutis de outras pessoas próximas, geralmente. Pessoas que tinham laços afetivos comigo e que não sabiam lidar com o meu "sincericídio" social. 

Outra coisa que faz as pessoas me mal interpretarem como uma pessoa ruim é o fato de eu não demonstrar meus sentimentos com frequência. Ao invés disso, eu somatizo ou o racionalizo se eu perceber alguma coisa. Portanto, eu sou uma boa pessoa, apenas tenho dificuldade de entrar em contato com as minhas emoções parecendo ser uma pessoa fria e calculista.

Essa dificuldade pode ser melhorada com a ajuda de profissionais da escuta, como psicólogos e terapeutas em geral. Eles me ajudam a entrar em contato com a minha essência, é como se as máscaras fossem tiradas uma a uma, camada a camada. Então, minhas emoções afloram com fervor e eu posso falar com mais clareza e leveza por causa do discernimento estimulado.

Assim, eu preciso voltar a fazer terapia psicológica, como sempre fiz por toda a minha vida. A fim de aliviar a minha ansiedade acumulada e a depressão também, pois já perdi vontade até de tocar violão e usar o computador. Enfim, não se pode negligenciar os problemas invisíveis da nossa mente principalmente de pessoas autistas. Porque elas têm uma dificuldade maior, logo, uma necessidade maior também. Dessa forma, nós somos boas pessoas, apenas diferentes.

Tá certo, Pirua!





Eu apendi com minha prima, Sheila, na minha adolescência, que certos apelidos pejorativos quando ditos entre pessoas que se respeitam, é uma demonstração de carinho. 

Por exemplo, ela chamava minha prima, Rafa, de "pirua" porque ela tem um estilo extravagante de ser e de se vestir. No entanto, Rafa não se chateava com ela. Eu entendi, mas não lembro se cheguei a comentar, mas isso ficou na minha memória social. 

Aliás, eu até fiquei chamando Rafa de "pirua" por um bom tempo depois de ter perdido contato com Sheila, que aliás, fez falta quando ela foi embora do apartamento.

No entanto, ainda tenho bastante dificuldade de detectar os tons de brincadeira. Compreendo hoje que eu levo tudo a sério ainda, inclusive o que as pessoas dizem. Então, se tiver tom de brincadeira velada em uma fala séria, vão me interpretar de várias formas, menos que "eu não entendi". 

quarta-feira, 17 de janeiro de 2024

O olhar de tia Márcia




A tia Márcia, como alguns pacientes chamam as monitoras e demais profissionais da Reluzir, onde eu estava internada por engano, me veio dar a notícia que tanto esperamos, a da alta hospitalar. No entanto, eu não havia entendido o olhar dela quando me chamou. 

Provavelmente, ela não "caiu a ficha" dela naquele momento que ela não estava falando com uma pessoa neurotípica, como é de costume. Ela só chamou meu nome, "Marília", e depois ficou com aquele olhar que para nós autistas não quer dizer nada, mas tem um muro que barra qualquer interpretação. Nessas horas, eu fico neutra só esperando a informação. 

Inclusive, isso é comum de acontecer, mas eu lembro de um fato onde eu disse ao professo de teatro, na minha adolescência, quando eu fiz apenas uma aula e ele perguntou, nesse dia, o que eu via ao olhar no olho da colega ao lado. "Eu não vejo nada, há uma barreira que me impede de ver", eu disse a ele.

Enfim, voltando. A outra monitora, a tia da moto, me falou que a minha cara era de felicidade. Não se poderia negar. E eu realmente estava muito feliz porque eu voltaria a ter a minha rotina. No entanto, continuo ansiosa, mas Deus vai me fortalecendo novamente e minha mãe tá resolvendo a questão de uma vaga pra psicóloga pelo SUS.


sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Deslegitimação dos direitos de autistas adultos

 

    



     O tão esperado laudo por nós autistas adultas ajuda bastante quanto à questões legais, mas ainda é insuficiente quanto ao respeito no dia a dia. Isso ocorre porque nem sempre temos como provar o bulling ou mesmo no nível de violência psicológica cometida por pessoas de variados status sociais. O fato é que independente dessas atitudes criminosas que ultrapassam a mera opinião podem gerar mais comorbidades ou acentuar as existentes no autista adulto que já carrega um peso enorme no seu psicológico.     

      Eu, por exemplo, após um pouco de sossego após laudo, me internaram em uma clínica psiquiátrica sem me consultar adequadamente, passei o mês de dezembro em um ambiente extremamente ansiogênico.  Tanto porque alterou a minha rotina quanto porque lá é proibido ter acesso ao celular e ao computador, além de oferecerem uma alimentação limitada e carnívora. Consequentemente, apresentei mais movimentos repetitivos mais do que o meu "normal".

    Eu realmente agradeço a Deus por ter saído mais cedo do que esperavam. Eram 3 meses para pessoas com alguma dependência química. Eu não estava aguentando 1 mês, onde Deus tocou o coração de uma amiga a qual me ajudar a passar os dias lá. O fato é que só pude ser compreendida e me sentir segura já nos últimos dias, antes disso não relaxei. O que deu a impressão de que fui por vontade própria foi o fato de terem me dito que eu iria para tipo um SPA. Eu realmente precisava de um descanso mental e de cuidar do templo que é o meu corpo.

     Enfim, vou ter de relevar mais essa e me reestruturar. Focarei na minha saúde e na de meus animais. Aliás, eu estou voltando a dormir sem remédio, graças a Deus. A causa da minha insônia era a intranquilidade depositada em minhas "costas" e a hipervigilância de ter que me formar em medicina e depois entrar no mundo do trabalho sem me sentir preparada. Novamente a mesma tonelada nas costas como ocorreu com a veterinária. Além das perdas familiares, como a de meus peludos que morreram literalmente e familiares próximos que "morreram" em sentido figurado, além dos medos e pânicos implantados em meu psicológico. 

    O que eu preciso é de descansar de verdade e zelar pela minha saúde e a de meus animais, como vacinação e ida periódica à avaliação veterinária. Assim, entra um direito meu que é buscar o LOAS, um benefício que me deixará satisfeita e tirar o peso de ter que me adaptar ao mundo típico. Eu já tenho 39 anos de praticamente só estudar. Preciso sim para me libertar e não depender financeiramente de ninguém. Assim, quem sabe, Deus?, as pessoas não se sintam ou não se achem no direito de manipular minha mente e a minha mente como bem ou mal entendem. 

    Maus entendedores existem de monte, perto ou longe, o fato é que não me conhecem. Quem me conhece de fato sabe que eu não busquei o meu laudo por dinheiro. Afinal, se eu fosse neurotípica ou tivesse algum transtorno (pois desconsidero o autismo como transtorno) eu não estaria tanto tempo afirmando que sou autista. Faz sentido para você? Para mim faz. 

    Lembro de minha irmã querendo que eu aceitasse o laudo de esquizofrenia, sem eu ser, para eu buscar um benefício financeiro, em 2019, mas eu não aceitei isso. Se eu fosse mesmo oportunista, teria aceitado e acabado com essa "bagunça" que se tornou a minha vida. Eu falei "bagunça" porque toda vez que eu tento me reestruturar, alguém se sente no direito de me arrastar novamente para o precipício. Entende?

       No entanto, eu tenho muita esperança de dias melhores a partir de agora. Este ano de 2024 e daqui para frente será melhor para mim, não em termos de riqueza material, mas falando psicologicamente. Apesar de tudo, me sinto mais forte mentalmente, mais leve e mais madura. Espero entrar na fase de poder ajudar as pessoas de forma consciente, principalmente em termos imateriais, após me reerguer. 

        

Eu sou uma boa pessoa

"Você é uma pessoa boa, Mari". Essa frase eu já escutei algumas vezes de amigas e amigos "irmãos". Eu comecei a entender...