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terça-feira, 20 de junho de 2023

Por que é equivocado dizer que a causa do autismo é genética?

       




Em um primeiro momento quero lembrar, pessoal, autismo não é doença, concordam? Autismo é  denominação para as características de pessoas atípicas. O mais aceitável é que seja chamado de deficiência, porque os autistas precisam de suporte para elas conseguirem funcionar nessa sociedade feita para típicos e também porque o cérebro tem uma deficiência na auto-regulação emocional, mas como o cérebro é plástico, se for bem trabalhado, os autistas podem refazer essas conexões, mas sempre com apoio. Enfim, nem nos livros de genética médica encontra-se o autismo entre as doenças genéticas listadas. Nem se poderia, porque autismo não é doença.

Se não é doença, o que é autismo? Autismo é um tipo de personalidade “fora da curva”, não muito comum, portanto, incomum, atípica, porque houve uma intempérie no neurodesenvolvimento, assim, uma perturbação na forma de maturação comumente vista do sistema nervoso desde a vida intrauterina, mas nada que possa se considerar uma enfermidade. Certo?   

Podemos explicar o autismo em um gráfico como se estivéssemos fazendo um experimento para saber quantas pessoas são normais e quantas são patológicas em uma sociedade e depois colocar esses números distribuídos em um gráfico. Considerando uma curva de distribuição normal, chamada pela ciência matemática de curva de Gauss, onde se colocam os números mais frequentes (moda), a média ou a mediana (50% acima e 50% abaixo) e os números extremos (outliers) que ficam longe desses parâmetros típicos centrais que aparecem para qualquer característica em uma curva. Vamos supor que os números encontrados no estudo colocaram os autistas como “autliers” só para fazer graça com o termo outliers, eu troquei “o” por “a” para “aut” de autista (rs). Vejam! a curva ficaria mais ou menos assim:



Deixa só eu explicar o que eu quero dizer com esse gráfico. O doutor Clay Brites falou em um de seus vídeos que o autismo estaria no extremo. Ele estava se referindo justamente a isso aí do gráfico: a “linha é tênue”. As 2 linhas ao lado da central e o seu entorno interno  estariam representando os neurodivergentes, inclusive os autistas, os “autliers”. Ultrapassando essa linha, estariam as pessoas com enfermidades mentais. Já na linha central (que eu tomaria como a mediana para que a estatística retratasse mais fielmente a realidade) e no seu entorno estariam os típicos. Isso é uma suposição dentro do que definimos e conhecemos em teoria. É uma das maneiras de explicar o que seria o autismo.

Por que eu estou focando nessa questão que autismo não é doença _ NEM TRANSTORNO? Vamos voltar para as aulas de colegial, certo? Depois a gente aprofunda, em outra publicação. Por enquanto, o básico é suficiente para entendermos que é errado dizer que a causa do autismo é genética e não replicarmos mais esse equívoco.

Primeiro, é preciso dizer aos que não se deram conta ou relembrar quem já sabe que toda e qualquer manifestação no ser vivo se realiza pelo ativamento de partes do DNA, a molécula com o molde informacional da essência de um ser. Essa essência é material (corpo) e imaterial (temperamento). Quem ativa essa estrutura? ela tem vida própria? Não. O DNA é uma molécula como outra qualquer, só funciona através de reações químicas, portanto, a partir de estímulos de outras moléculas _ em sua cadeia ou ao redor dele. Isso significa que o meio o controla. Esse meio, além das moléculas, é também o pH (acidez, basicidade ou alcalinidade), que é alterado pela alimentação e tudo que é ingerido, inalado, absorvido pela pele; e a energia como os pensamentos e sentimentos.

Agora, nós vamos relembrar os conceitos básicos de genética, especialmente genótipo e fenótipo. Vocês lembram o que é FENÓTIPO? Isso... é a expressão do genótipo induzido pelo entorno. O que é GENÓTIPO? São os genes herdados que um ser possui, logo, é a sequência de bases nitrogenadas da cadeia do DNA, expresso ou não. O genótipo só se manifesta do jeito que ele é por causa da interação entre os genes e o meio, resultando no fenótipo. Resumindo, podemos usar a fórmula F = G + M. Vocês podem ver que até agora eu não inventei nada, nem vou inventar. Tudo que eu disser aqui está escrito em algum livro ou artigo científico. Por enquanto, eu estou nas aulas básicas de genética, certo?

 Aí, alguém chega e me diz: Marília, eu não lembro bem dessas aulas, você poderia ser mais prática? E eu respondo: Claro! Imagina você que o professor ou a professora pede pra você responder, na prova, qual é o fenótipo de uma pessoa albina? Aí você explica suas características: ela é branca, não possui melanina. Ora, a genética está envolvida e ninguém tem dúvida. Tudo tem a genética, desde tendências de caracteres anatômicos e fisiológicos até comportamentais e de temperamento. Agora, dizer que o fator causador é unicamente ou majoritariamente genético é que é equivocado. Por que?

Porque o albinismo, assim como o autismo, é uma manifestação das características do genótipo que aquela pessoa possui. Assim, voltamos aquela fórmula redutora e simplificada F = G + M. Essa interação entre os genes e o meio que culmina no fenótipo chama-se Norma de Reação ou Plasticidade Genotípica. Então, toda e qualquer manifestação comportamental, fisiológica e anatômica são fenotípicas. Ok?

Sendo que ainda considerando que existam os resistentes nessa questão, não tenho nada contra resistência, porque eu sou uma delas, me perguntam assim: “Marília, mas eu vi em vários artigos que dizem ser de causa genética o autismo”. Quando eu escuto o “mas, porém, todavia, contudo, entretanto, enfim, alguma conjunção adversativa, eu já sei que é um resistente. Aí eu parto pra o segundo argumento. Aí eu penso, agora ele ou ela vai entender.

Gente, sem brincadeira. Toda dúvida é importante. Olha, uma coisa não desabilita a outra. Tão entendendo? Sim? O que vocês estão entendo? A gente tem que considerar isso também, né? (Rs). Bom, não estou chamando nem a pessoa resistente, nem o artigo de mentirosos. Sabe? O que “pecam” é na forma de se referir à causa sendo, maiormente ou totalmente, genética. É claro que se forem buscar marcadores genéticos e genes presentes em autistas e ausentes nos típicos, encontrarão de monte, mas até agora nenhum foi 100% um gene ou vários genes somente encontrados em autistas. Portanto, não se pode atribuir o autismo como estritamente ou fortemente genético.

Alguém ainda não entendeu? Tá chegando? Por exemplo, a sequência (parte, gene) do DNA com as informações para tal característica (no caso, autismo) ele por si só desencadearia a manifestação dessa característica se fosse a CAUSA. No autismo, até quando dizem os geneticistas que há a presença de genes mutantes, por deleção ou outro tipo de mutação, eles estão se contradizendo. Porque estão sendo contraditórios? Ora, a mutação não é levada a ocorrer através da indução do meio? Ora, mesmo se forem genes não mutantes, a epigenética está fortemente implicada na manifestação dos genes autísticos. Eu pretendo mostrar isso que tem nos artigos de revisões sobre autismo e epigenética publicados este ano de 2023. Eu disse lá atrás, há alguns anos, que a epigenética estava se impondo não só pra o autismo, mas em qualquer área. Lembram que eu hiperfoquei no livro que a minha psicóloga Lucy havia me indicado? O livro tem o título A Biologia da Crença do autor Bruce Lipton. Tem ele em pdf gratuito na internet. Baixem! Façam o download! Bruce ganhou o prêmio nobel, na época, por esse livro. Ele tem uma linguagem simples e acessível. Feito para a população não científica ou que não é da área de naturezas.

Por fim, dessa primeira explicação, qualquer deficiência, distúrbio ou mesmo condições típicas, tudo é genético e ambiental. Sendo que no autismo, há ainda muita dúvida qual gene em específico está envolvido e sua sequência de bases nitrogenadas, não se sabe qual é o genótipo do autismo. Lembra, fenótipo e genótipo? O que se descobriu, foram alguns genes responsáveis por carregar também as informações de outras características típicas, não típicas e doenças que se esses genes sofrerem alguma alteração do ambiente (deleção ou outro tipo de mutação, acetilação, metilação, etc) eles podem DETERMINAR a manifestação do autismo ou aumentar o RISCO das morbidades associadas ao TEA.

Então, "determinar" ou, melhor, "pré-determinar" é algo que aumenta as chances de desencadear as características. Por exemplo, problemas no parto e ter mutação no PAX-5 (gene). Ambos os fatores_ distúrbio na hora de nascer e alteração na sequência desse gene_ são modificações ambientais, se elas não ocorrem, a possibilidade de ocorrer autismo na criança é bem baixa. Por outro lado, se esses estimuladores ambientais ocorrem, mas não há esse ou outro marcador genético, a possibilidade de ocorrer autismo na pessoa é muito menor. No entanto, ainda pode ocorrer, porque apesar das mutações genéticas ocorrerem mais na vida intra-uterina, elas também podem ocorrer também após o nascimento, porém com menor probabilidade (chance). Aliás, em genética, tudo é em termos de probabilidade, quando se afirma algo, é a certeza do que é provável de ocorrer. Por exemplo, 25% ou ¼ de chance de nascer com autismo após fazer um teste diagnóstico dos marcadores genéticos, certo?

Então, eu diria que a genética PREDISPÕE, mas não CAUSA por si só o autismo. Assim, pode-se dizer que a genética é um FATOR PREDISPONENTE do autismo. Já o entorno precipita ou induz a manifestação e pode ser considerado um FATOR PRECIPITANTE. Sabe quando alguém tem potencial e só precisa de uma forcinha ou empurrão pra ela manifestá-lo e ter êxito? É bem isso a relação entre fator predisponente e fator precipitante. Um sem o outro não acontece nada. Ironicamente, tem de haver uma interação para o processo ocorrer.

Segundo, em sendo a epigenética fator precipitante, não se pode afirmar que a genética é maior, porque se o meio não favorece, os genes ficam inativos e não manifestos. A ativação se dá geralmente por mudanças REVERSÍVEIS no entorno do DNA e até mesmo na própria cadeia do material genético, as mais conhecidas são metilação e acetilação. Obviamente, se não houvesse genética favorável, o meio não conseguiria sozinho manifestar as características que não existem.  O fato científico é que, segundo a epigenética, que infelizmente ainda não estudamos no colegial, os genes não têm o poder de manifestarem-se sozinhos. Sempre é o meio que os ativam, seja o meio químico, com Ph ideal, a presença de certas proteínas na cadeia do DNA ou o meio ambiente mais externo como os pensamentos, emoções, nutrição e toxinas em qualquer momento do desenvolvimento do ser, mas em especial no momento intrauterino (congênito). Entenderam?

Agora, se você quer saber quais são os genes do autismo (ou de qualquer outra característica) pode perguntar assim: “qual é o genótipo do autismo?”. “O gene do autismo é recessivo ou dominante?”. Certo? Aliás, não há na literatura o autismo entre as doenças genéticas, primeiro o autismo não é doença.

Assim, nós percebemos que só por uma questão de relembrarmos o uso de termos científicos, concluímos que é um equívoco os profissionais ainda insistirem em dizer que a causa é genética. Verificamos também que até alguns livros dizem que a causa é desconhecida ou uma mescla de ambos os fatores sendo a genética, portanto, um fator predisponente e o meio ambiente um fator precipitante. 



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"Você é uma pessoa boa, Mari". Essa frase eu já escutei algumas vezes de amigas e amigos "irmãos". Eu comecei a entender...