Deixa só eu explicar o que eu quero dizer com esse gráfico. O doutor Clay Brites falou em um de seus vídeos que o autismo estaria no extremo. Ele estava se referindo justamente a isso aí do gráfico: a “linha é tênue”. As 2 linhas ao lado da central e o seu entorno interno estariam representando os neurodivergentes, inclusive os autistas, os “autliers”. Ultrapassando essa linha, estariam as pessoas com enfermidades mentais. Já na linha central (que eu tomaria como a mediana para que a estatística retratasse mais fielmente a realidade) e no seu entorno estariam os típicos. Isso é uma suposição dentro do que definimos e conhecemos em teoria. É uma das maneiras de explicar o que seria o autismo.
Por que eu estou focando nessa
questão que autismo não é doença _ NEM TRANSTORNO? Vamos voltar para as aulas
de colegial, certo? Depois a gente aprofunda, em outra publicação. Por enquanto,
o básico é suficiente para entendermos que é errado dizer que a causa do
autismo é genética e não replicarmos mais esse equívoco.
Primeiro, é preciso dizer aos que não se deram conta ou relembrar quem já sabe que toda e qualquer manifestação no ser vivo se realiza pelo ativamento de partes do DNA, a molécula com o molde informacional da essência de um ser. Essa essência é material (corpo) e imaterial (temperamento). Quem ativa essa estrutura? ela tem vida própria? Não. O DNA é uma molécula como outra qualquer, só funciona através de reações químicas, portanto, a partir de estímulos de outras moléculas _ em sua cadeia ou ao redor dele. Isso significa que o meio o controla. Esse meio, além das moléculas, é também o pH (acidez, basicidade ou alcalinidade), que é alterado pela alimentação e tudo que é ingerido, inalado, absorvido pela pele; e a energia como os pensamentos e sentimentos.
Agora, nós vamos relembrar os
conceitos básicos de genética, especialmente genótipo e fenótipo. Vocês lembram
o que é FENÓTIPO? Isso... é a expressão do genótipo induzido pelo entorno. O
que é GENÓTIPO? São os genes herdados que um ser possui, logo, é a sequência de
bases nitrogenadas da cadeia do DNA, expresso ou não. O genótipo
só se manifesta do jeito que ele é por causa da interação entre os genes e o
meio, resultando no fenótipo. Resumindo, podemos usar a fórmula F = G + M.
Vocês podem ver que até agora eu não inventei nada, nem vou inventar. Tudo que
eu disser aqui está escrito em algum livro ou artigo científico. Por enquanto,
eu estou nas aulas básicas de genética, certo?
Aí, alguém chega e me diz: Marília,
eu não lembro bem dessas aulas, você poderia ser mais prática? E eu respondo:
Claro! Imagina você que o professor ou a professora pede pra você responder, na
prova, qual é o fenótipo de uma pessoa albina? Aí você explica suas
características: ela é branca, não possui melanina. Ora, a genética está
envolvida e ninguém tem dúvida. Tudo tem a genética, desde tendências de
caracteres anatômicos e fisiológicos até comportamentais e de temperamento. Agora,
dizer que o fator causador é unicamente ou majoritariamente genético é que é
equivocado. Por que?
Porque o albinismo, assim
como o autismo, é uma manifestação das características do genótipo que aquela
pessoa possui. Assim, voltamos aquela fórmula redutora e simplificada F = G +
M. Essa interação entre os genes e o meio que culmina no fenótipo chama-se
Norma de Reação ou Plasticidade Genotípica. Então, toda e qualquer manifestação
comportamental, fisiológica e anatômica são fenotípicas. Ok?
Sendo que ainda considerando que
existam os resistentes nessa questão, não tenho nada contra resistência, porque
eu sou uma delas, me perguntam assim: “Marília, mas eu vi em vários artigos que
dizem ser de causa genética o autismo”. Quando eu escuto o “mas, porém, todavia,
contudo, entretanto, enfim, alguma conjunção adversativa, eu já sei que é um
resistente. Aí eu parto pra o segundo argumento. Aí eu penso, agora ele ou ela
vai entender.
Gente, sem brincadeira. Toda dúvida
é importante. Olha, uma coisa não desabilita a outra. Tão entendendo? Sim? O
que vocês estão entendo? A gente tem que considerar isso também, né? (Rs). Bom,
não estou chamando nem a pessoa resistente, nem o artigo de mentirosos. Sabe? O
que “pecam” é na forma de se referir à causa sendo, maiormente ou totalmente,
genética. É claro que se forem buscar marcadores genéticos e genes presentes em
autistas e ausentes nos típicos, encontrarão de monte, mas até agora nenhum foi
100% um gene ou vários genes somente encontrados em autistas. Portanto, não se
pode atribuir o autismo como estritamente ou fortemente genético.
Alguém ainda não entendeu? Tá
chegando? Por exemplo, a sequência (parte, gene) do DNA com as informações para tal
característica (no caso, autismo) ele por si só desencadearia a manifestação
dessa característica se fosse a CAUSA. No autismo, até quando dizem os
geneticistas que há a presença de genes mutantes, por deleção ou outro tipo de
mutação, eles estão se contradizendo. Porque estão sendo contraditórios? Ora, a
mutação não é levada a ocorrer através da indução do meio? Ora, mesmo se forem
genes não mutantes, a epigenética está fortemente implicada na manifestação dos
genes autísticos. Eu pretendo mostrar isso que tem nos artigos de revisões sobre
autismo e epigenética publicados este ano de 2023. Eu disse lá atrás, há alguns
anos, que a epigenética estava se impondo não só pra o autismo, mas em qualquer
área. Lembram que eu hiperfoquei no livro que a minha psicóloga Lucy havia me
indicado? O livro tem o título A Biologia da Crença do autor Bruce Lipton. Tem
ele em pdf gratuito na internet. Baixem! Façam o download!
Bruce ganhou o prêmio nobel, na época, por esse livro. Ele tem uma linguagem
simples e acessível. Feito para a população não científica ou que não é da área
de naturezas.
Por fim, dessa primeira explicação,
qualquer deficiência, distúrbio ou mesmo condições típicas, tudo é genético e
ambiental. Sendo que no autismo, há ainda muita dúvida qual gene em
específico está envolvido e sua sequência de bases nitrogenadas, não se sabe qual é o genótipo do
autismo. Lembra, fenótipo e genótipo? O que se descobriu, foram alguns genes
responsáveis por carregar também as informações de outras características
típicas, não típicas e doenças que se esses genes sofrerem alguma alteração do
ambiente (deleção ou outro tipo de mutação, acetilação, metilação, etc) eles
podem DETERMINAR a manifestação do autismo ou aumentar o RISCO das morbidades
associadas ao TEA.
Então, "determinar" ou, melhor, "pré-determinar" é algo que aumenta as chances de desencadear as características.
Por exemplo, problemas no parto e ter mutação no PAX-5 (gene). Ambos os fatores_
distúrbio na hora de nascer e alteração na sequência desse gene_ são
modificações ambientais, se elas não ocorrem, a possibilidade de ocorrer
autismo na criança é bem baixa. Por outro lado, se esses estimuladores
ambientais ocorrem, mas não há esse ou outro marcador genético, a possibilidade
de ocorrer autismo na pessoa é muito menor. No entanto, ainda pode ocorrer,
porque apesar das mutações genéticas ocorrerem mais na vida intra-uterina, elas
também podem ocorrer também após o nascimento, porém com menor probabilidade
(chance). Aliás, em genética, tudo é em termos de probabilidade, quando se
afirma algo, é a certeza do que é provável de ocorrer. Por exemplo, 25% ou ¼ de
chance de nascer com autismo após fazer um teste diagnóstico dos marcadores
genéticos, certo?
Então, eu diria que a genética PREDISPÕE,
mas não CAUSA por si só o autismo. Assim, pode-se dizer que a genética é um
FATOR PREDISPONENTE do autismo. Já o entorno precipita ou induz a manifestação
e pode ser considerado um FATOR PRECIPITANTE. Sabe quando alguém tem potencial
e só precisa de uma forcinha ou empurrão pra ela manifestá-lo e ter êxito? É
bem isso a relação entre fator predisponente e fator precipitante. Um sem o
outro não acontece nada. Ironicamente, tem de haver uma interação para o processo ocorrer.
Segundo, em sendo a epigenética
fator precipitante, não se pode afirmar que a genética é maior, porque se o
meio não favorece, os genes ficam inativos e não manifestos. A ativação se dá
geralmente por mudanças REVERSÍVEIS no entorno do DNA e até mesmo na própria
cadeia do material genético, as mais conhecidas são metilação e acetilação.
Obviamente, se não houvesse genética favorável, o meio não conseguiria sozinho
manifestar as características que não existem. O fato científico é que, segundo a
epigenética, que infelizmente ainda não estudamos no colegial, os genes não têm
o poder de manifestarem-se sozinhos. Sempre é o meio que os ativam, seja o meio
químico, com Ph ideal, a presença de certas proteínas na cadeia do DNA ou o
meio ambiente mais externo como os pensamentos, emoções, nutrição e toxinas em
qualquer momento do desenvolvimento do ser, mas em especial no momento
intrauterino (congênito). Entenderam?
Agora, se você quer saber quais são
os genes do autismo (ou de qualquer outra característica) pode perguntar assim:
“qual é o genótipo do autismo?”. “O gene do autismo é recessivo ou dominante?”.
Certo? Aliás, não há na literatura o autismo entre as doenças genéticas,
primeiro o autismo não é doença.
Assim, nós percebemos que só por uma questão de relembrarmos o uso de termos científicos, concluímos que é um equívoco os profissionais ainda insistirem em dizer que a causa é genética. Verificamos também que até alguns livros dizem que a causa é desconhecida ou uma mescla de ambos os fatores sendo a genética, portanto, um fator predisponente e o meio ambiente um fator precipitante.