Quando eu expus a minha linha de raciocínio quanto à denominação que nos dão, "transtornados", eu falei do autismo e não de graus. Portanto, ninguém está sendo excluído. Isso se aplica a todos do espectro e quem sabe a todos os neurodivergentes. Por que?
Veja, eu não estou apenas trazendo uma questão pessoal, apesar da experiência ajudar muito na "visão". Eu também quero dizer que eu sei que eu não tenho vivência com autistas de outro grau, principalmente crianças. No entanto, quando eu buscava incessantemente informações logo no começo da minha descoberta, eu ficava observando, lendo e ouvindo autistas, mães e pais de autistas de todos os graus.
Eu concluí recentemente que não se trata de um transtorno, mas de uma deficiência. Quem está no grau moderado e severo, geralmente são não-verbais, mas se eles não tem déficit de inteligência, eles vão descobrir uma forma de se comunicar quando eles têm o apoio devido. Eu lembro que vi um relato de uma mãe mostrando como seu filho autista não verbal se comunicava. Ele mostrava trechos de vídeos, como novelas, e se expressava dessa forma atípica.
Eu não estou tirando a dificuldade m maior que eles apresentam, portanto necessitam de maior grau de suporte. Se antes os autistas de grau 1 de dificuldade eram invisibilizados, hoje, uma parte da comunidade teme a invisibilização dos outros 2 graus caso a alta cúpula dos profissionais que atualizam os manuais de diagnóstico, por exemplo, resolvam entender que o autismo não é um transtorno. Assim como eles mudaram de doença infantil para transtorno do desenvolvimento.
De fato, não cai bem essa denominação e os pais deveriam ficar felizes porque crescer se achando transtornado e sendo visto dessa maneira, faz com que nos limitemos. Isso tem grande força no desenvolvimento de um cérebro. Vocês sabem disso. Se houvesse real possibilidade disso acontecer, o que seria maravilhoso ao meu ver, de forma alguma, anularia a necessidade de apoio que todos nós precisamos. Porque as comorbidades que nos surgem e acompanham por sermos diferentes, nos torna DEFICIENTES. Por isso, e não por ser um transtorno, os autistas devem continuar a receber maior atenção, inclusive os mais pobres. O cuidado não é individualizado de acordo com o que mais precisa ser trabalhado?
Vamos partir para a definição de transtorno?