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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Máscaras criadas: convívio garantido?

 



Como esse desenho acima, as máscaras sociais criadas por nós é uma forma de interagir, lidar e de se proteger da toxicidade comum vindo do mundo externo. Isso acontece porque autistas não são assertivos socialmente e acabam “copiando e colando” as pessoas geralmente próximas e aparentemente bem adaptadas à sociedade, inicialmente de forma inconsciente e depois de maneira consciente.

Se profissionais desconhecem o entorno dos autistas, haverá uma alta chance de errarem no entendimento de pessoas buscando o diagnóstico. uma vez que se eles conhecem seus familiares a fundo, inclusive desde a adolescência, eles verão o quanto de influência autistas apresentam em suas respostas verbais e comportamentais.

No meu caso, eu tenho um exemplo bem interessante. Uma das máscaras marcantes em minha vida até os dias atuais é a chamada “Márcia”. Recentemente, eu fui grossa e rude com a minha mãe _ aliás, todos os meus irmãos paternos são rudes com ela, a que menos fala forte é a irmã loira, mas tem aumentado e pego para si nossa maneira de chacoalhar minha mãe. Antes de acontecer o último grande bullling, em nível internacional (2018 aos dias atuais), eu era mais educada com a minha mãe e não perdia a paciência com ela facilmente. Se você quer saber como era a minha relação com a minha mãe, clique aqui para ler o texto.

Voltando... A máscara da minha irmã mais velha, Márcia, é muito forte, uma das responsáveis por mim na adolescência e na vida adulta inicial. Recentemente, a minha mãe me perguntou algo óbvio e eu me irritei com ela. Até 2017, eu não me irritaria, mas ainda estou sob o efeito do estresse pós-traumático, não tão forte quanto no começo dessa injustiça, pois estou gradualmente me recuperando com a ajuda profissional e de pessoas amadas. Enfim, eu me percebo com a mesma entonação e postura moralista dessa irmã. Até a voz fica com um timbre parecidíssimo. Quem a conhece, diria que é ela e não eu. Eu até disse a mainha que não sou eu quem briga com ela, mas a “máscara” Márcia. Se eu tentar conscientemente, não sai tão perfeito quanto no automático.

Embora haja comportamentos cuja justificativa seja inaceitável, eu sempre procurei uma explicação para essas atitudes. Dependendo da origem dos motivos, eu busco compreender e aceitar até que a pessoa mudasse ou até que eu chegue ao meu limite. Sim! Eu tenho limites para aceitar comportamentos desrespeitosos comigo e com o outro. Quando já não aguento mais _ isso demora _ ou quando a “dose” foi tóxica demais, eu me afasto definitivamente, pois eu não posso deixarem me agredir assim. “Enterro” o passado e sigo em frente, procurando ser uma pessoa melhor que eu já fui. A minha intenção é fazer diferente e melhor. No começo, foi difícil mudar, mas a vida me obrigou: “ou você muda, ou será engolida tanto pelos “lobos” quanto pelas lembranças ruins que insistem em voltar a sua mente”.

Mudar também é uma técnica que aprendi para higienizar as minhas lembranças. Mudar significa para mim um sinal de fortaleza, porém ter o cuidado para não se tornar “um lobo”. Você apenas aprende a lidar com esses “lobos”. Nunca achei que ser o lado opressor fosse vantajoso ou bonito. Ao contrário, passar-me por má pessoa para atender a demanda social é angustiante. O opressor sempre será uma pessoa ruim, no meu entendimento, é aquele sempre se comportará dessa forma com qualquer vulnerável.

Há uns 10 anos atrás, quando a minha sobrinha, filha dela, era bebê, eu fui visitá-la, mas minha irmã não estava. Quem estava era mulher que trabalhava lá na limpeza que me colocou para interagir com a menina. Teve um momento que ela saiu de perto, pois não queria mais rabiscar, então, eu a chamei igualzinho a Márcia, e ela veio de imediato, provavelmente um estímulo positivo da mãe.

Na adolescência, eu buscava palavras para descrever algo que eu tinha observado ao conviver com Márcia no apartamento do edifício Santa Mônica. Finalmente, após alguns meses, eu consegui encontrar palavras. Foi exatamente isso: “eu e ela somos muito parecidas em personalidade, mas diferentes em ideais”. Com certeza, eu errei no termo “personalidade”, pois a minha estava se moldando, logo, o certo seria caráter para mim. Além do mais, com o entendimento que eu tenho hoje, já na beira dos 40, com 39 anos, o comportamento que eu usei em muitos casos se espelhavam nela e no meu pai que eram muito dominantes, mas a minha tendência de criança até hoje é ser uma pessoa muito quieta. Quando eu comecei a estudar na Bolívia, eu já era muito mais branda tanto por ter convivido com a irmã loira e ido a templos espiritualistas.

Meu irmão me disse uma vez, em 2014, “pai é muito tóxico, parece até que me invade e eu fico tóxico também, aí perco o controle”. Eu concordei. Falando em meu pai, ele me incentivava a ser igual a ele. É como se ele quisesse que eu não fosse parecida com minha mãe, ou seja, eu mesma. Lembro dele dizendo que eu era igual a ele por tomava iniciativa e ser comunicativa. Mentira! Quem conviveu comigo sabe o quanto eu era “na minha”. No entanto, eu sempre soube da minha capacidade de aprender, era só me darem oportunidades equitativas.

Márcia sempre tomou a frente de tudo, e eu não a inibia, eu a deixava resolver tudo. Assim, fui ficando dependente dela e não me vi estimulada a ser independente até me formar em veterinária. Ali, as dificuldades já eram enormes e crônicas demais para uma mudança repentina. O apoio que eu precisava era maior do que a estratégia de “dificultar” propositalmente minha vida para ver se elas conseguiriam me desprender desse vínculo executivo (para mim) e financeiro (para elas).

Como minhas duas irmãs têm status e dinheiro, meus progenitores, acreditavam que elas deram certo na vida, pois eles desconsideraram a questão afetiva. Então, inconscientemente, eu também fui incorporando que elas obtiveram sucesso e que eu poderia copiá-las, até porque elas me passavam segurança também. Hoje, eu sei que elas são tóxicas para mim, mesmo que uma delas não queira ser assim. A intenção é boa, mas não lida bem comigo como eu sou querendo me mudar, assim como o meu pai. Isso me prejudicou de uma forma tremenda, até para que eu mesma possa ser quem eu sou e agir em conformidade com o meu jeito meigo que perdura até hoje. Veja a descrição de mim segundo as pessoas nos meus 2 cadernos de recordações dos anos 90. Assista a eles no meu segundo canal do youtube clicando em caderno de recordação 1 e caderno de recordação 2. É que eu não consegui anexá-los no google drive, na pasta onde estão os 7 volumes do Mundo de Marília. Se você ainda não leu os volumes, clique aqui para baixá-los.

Lembrar-me disso me emocionou, pois eu tenho dificuldades de “enraizar” e sinto falta dos poucos momentos que eu senti a minha própria presença.

Isso não quer dizer que eu não tenha personalidade definida e estável. Embora eu tenha sido insegura com relação ao meu discernimento social, eu tenho qualidades e defeitos como qualquer pessoa normal. Autistas são normais e atípicos, veja a explicação no gráfico hipotético que fiz neste texto. Sendo que alguns dos meus defeitos me causam prejuízos graves e não me deixam avançar na questão financeira, pois são inabilidades sociocomunicativas e inflexibilidade.

Algumas minhas qualidades desde a infância são justiça social, filantropia, ser estável, cumprir tarefas quando já se tornou um hábito, passar confiança na relação interpessoal por fidelidade, honestidade, inteligente, amigável e amável (embora essas 2 questões causem polêmica, mas eu tento, tenho a intenção desde sempre de ser. Possivelmente, por desconhecer ou discordar de regras sociais isso seja tão discutido pela forma de expressar ou de não expressar).

Era um hábito e um dia, meu pai frisou verbalmente, que eu “gostava de dividir até um confeito”. Eu estava com 10 anos ou mais, nesse período, quando eu perguntei às pessoas ali se elas queriam um pedaço da bala refrescante que eu tinha tirado do bolso: “quer?” Ninguém quis. E eu entendi naquele momento, após o juízo de meu pai e da resposta negativa das pessoas, que aquilo era tão pequeno que eu não precisaria dividir senão eu ficaria com quase nada. Mesmo assim, continuei com um sentimento de querer sempre compartilhar com quem não tinha e com tristeza de estar em uma situação melhor que aos moradores de rua e de quem não poderia ter o que eu tinha materialmente me referindo.

Além disso, eu sempre me recusei a ser melhor que os outros, inclusive na reputação. Eu infringi regras sociais que eu aprendi e estava com uns 17 anos para fazer juízo disso. Passei, nessa idade, a deixar de brincar de bonecas com a irmã mais nova, Livinha, que começou a vir brincar comigo no lugar da irmã mais velha quando eu tinha 15 anos. Aos 17 anos, comecei a “andar” mais com uma garota também mais nova que eu e que era inteligente e esperta demais. Minha mãe e meu pai não gostavam pois ela era “falada” e eu não gostava de que me colocassem em um pedestal dessa forma, diminuindo os outros. Assim, passei a querer estar na mesma fase que elas de descobrimento, mas eu estava atrasada nesse sentido, pois minha paixão foi fixa por 4 anos ou mais, mas nunca senti vontade sexual e nunca tivemos preliminares, muito menos transamos. Todavia, levei a fama. Não me defendi e deixei que a imaginação “corresse” solta e que cada um entendesse da forma que lhes convinha. O que pode confundir é o meu jeito de estar feliz quando eu consigo um elogio verdadeiro. Não escondo e as pessoas podem sentir-se mal por ter subido tanto minha energia.

Bem, então, como meu pai tinha se aproximado de mim no início da minha adolescência, comecei a “tecer” a máscara João pai. Comecei a falar alto, a encher o prato feito uma montanha e a comer rápido, por exemplo, fazendo dessas características um mascaramento notório já que é dominante em relação à minha tendência, mas aparecendo só em determinadas situações, principalmente quando estávamos conectados. A conexão (direta e indireta) é essencial para que as máscaras sejam ativadas, por isso, a diversidade de comportamento e de interpretação dos que conviveram comigo. É tipo assim: “não sei como me portar, urgente, vou usar essa máscara para me salvar”.

A primeira vez que me dei conta disso foi quando eu estava com Dea e as outras amigas da faculdade no carro de uma delas. Eu estava no último ano e minhas atividades me deixavam com mais tempo livre, pois eu não tinha mais provas nem muitas matérias. Estávamos vindo de uma das pracinhas depois de interagirmos. Dea falou “tá vendo, já mudou de comportamento e apontou pra mim”. Então, eu fiquei reflexiva, mas não me defendi. Afinal, eu tinha de pensar sobre aquilo, sobre aquele autoconhecimento. Além do mais, ninguém me solicitou para falar sobre. Na interação, Michele era muito engraçada, fazia palhaçadas, eu ria demais e tínhamos todas em comum o tema LGBT+. Assim, eu criei um repertório com as neologias criadas por ela e as outras meninas. Eu achava engraçado e repetia tanto na hora da interação como até hoje. Elas me animavam e me tiravam de um estado extremamente estressante.

Depois que eu e o grupo nos distanciamos, porque minha segunda ex (chamada por elas de “a louca”), estava na cola das meninas e eu queria distância pelo mal físico e psicológico que ela me causou. Inclusive, na audiência judicial, foi determinado ela manter essa distância de mim sob pena de ir presa se não cumprisse, pois ela estava me perseguindo e me expondo nos lugares e com as pessoas que eu conhecia (pegou meu celular e anotou os meus contatos). Seguramente, ela implantou discórdia no grupinho. Ela tinha esse “mal espírito” de causar confusão onde estivesse, inclusive com as outras ex ela agia abusivamente também. Sei disso porque ela tinha um perfil no orkut com uma descrição mais ou menos assim: “pelo menos eu demonstrei meus sentimentos” e que estava assim desde a namorada anterior, comigo e com a depois de mim. Com o tempo, fui deduzindo através das pistas, que ela me traia com mulheres e homens e a turma me interpretava de várias maneiras, mas só Abacaxi me compreendeu de verdade. Sempre tem uma pessoa que consegue me ver além das máscaras.

Se você quiser saber mais, sobre os diversos perigos e abusos, faça o download dos e-books, gratuitamente, onde falo com detalhes de outros abusos durante toda a minha vida, desde criança.

Sabe quando você está em seu estado fundamental e recebe energias quando interage e começa a “mofar” e se expandir? Só que, a maioria das vezes, é inconsciente. Quando tentamos de forma consciente, fica uma coisa rasa ou inapropriada justamente porque não consideramos o contexto. Esse tal de contexto me era um estranho até a época do curso de acupuntura. Em 2016, a professora Leila falou sobre “discurso” em sala, faltava apenas 6 meses pra terminar, mas minha irmã loira dificultou a minha vida e não terminei. Enfim, eu parei a aula e perguntei o que era isso que ela se referia. Bem depois, quando eu estava me autodiagnosticando, que entendi e lembrei que esse assunto havia entrado na minha vida na época do curso Licenciatura Agrícola na UFRPE. As meninas e eu nos matriculamos pois tínhamos direito às vagas por já termos estudado outra graduação. Eu comecei, mas não terminei, pois um professor começou a praticar bulling comigo. Ele se enfezou comigo, após eu ter uma atitude com um colega que ele considerou “é chato e difícil, eu sei”. Eu não havia percebido que fui inapropriada e ele começou a “pegar no meu pé” nas próximas aulas. O denunciei e me desestimulei a ir para a faculdade. Logo após a denúncia, eu avisei que não frequentaria mais essa graduação de 2 anos apenas.

Infelizmente, fui muito prejudicada ao longo da minha vida, inclusive as coisas se complicaram quando me tornei adulta, por ser mais cobrada e entenderem que eu era “dona de mim”. Se já é complicado com o laudo, imagina com o subdiagnóstico! As pessoas com pouca conscienciosidade não nos respeitam, principalmente se somos mulheres e demonstramos fragilidade aparente.

Portanto, o mascaramento é um “escape” utilizado de forma subconsciente no começo da socialização da criança e vai se tornando um mecanismo consciente, inclusive quando há autoconhecimento. É uma forma da mente autista se blindar e se defender, principalmente, mas também de interagir em geral. Porque, muitas vezes, não sabemos o que falar, como falar, onde falar, onde calar, ao longo da nossa vida. Então, generalizamos e utilizamos as máscaras em situações onde o contexto pode ser diferente e não “cair bem”. Entretanto, tem situações, que elas são bem aceitas e a interação ocorre com êxito, não deixando os interlocutores perceberem nossa dificuldade social.

Eu sou uma boa pessoa

"Você é uma pessoa boa, Mari". Essa frase eu já escutei algumas vezes de amigas e amigos "irmãos". Eu comecei a entender...