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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Máscaras criadas: convívio garantido?

 



Como esse desenho acima, as máscaras sociais criadas por nós é uma forma de interagir, lidar e de se proteger da toxicidade comum vindo do mundo externo. Isso acontece porque autistas não são assertivos socialmente e acabam “copiando e colando” as pessoas geralmente próximas e aparentemente bem adaptadas à sociedade, inicialmente de forma inconsciente e depois de maneira consciente.

Se profissionais desconhecem o entorno dos autistas, haverá uma alta chance de errarem no entendimento de pessoas buscando o diagnóstico. uma vez que se eles conhecem seus familiares a fundo, inclusive desde a adolescência, eles verão o quanto de influência autistas apresentam em suas respostas verbais e comportamentais.

No meu caso, eu tenho um exemplo bem interessante. Uma das máscaras marcantes em minha vida até os dias atuais é a chamada “Márcia”. Recentemente, eu fui grossa e rude com a minha mãe _ aliás, todos os meus irmãos paternos são rudes com ela, a que menos fala forte é a irmã loira, mas tem aumentado e pego para si nossa maneira de chacoalhar minha mãe. Antes de acontecer o último grande bullling, em nível internacional (2018 aos dias atuais), eu era mais educada com a minha mãe e não perdia a paciência com ela facilmente. Se você quer saber como era a minha relação com a minha mãe, clique aqui para ler o texto.

Voltando... A máscara da minha irmã mais velha, Márcia, é muito forte, uma das responsáveis por mim na adolescência e na vida adulta inicial. Recentemente, a minha mãe me perguntou algo óbvio e eu me irritei com ela. Até 2017, eu não me irritaria, mas ainda estou sob o efeito do estresse pós-traumático, não tão forte quanto no começo dessa injustiça, pois estou gradualmente me recuperando com a ajuda profissional e de pessoas amadas. Enfim, eu me percebo com a mesma entonação e postura moralista dessa irmã. Até a voz fica com um timbre parecidíssimo. Quem a conhece, diria que é ela e não eu. Eu até disse a mainha que não sou eu quem briga com ela, mas a “máscara” Márcia. Se eu tentar conscientemente, não sai tão perfeito quanto no automático.

Embora haja comportamentos cuja justificativa seja inaceitável, eu sempre procurei uma explicação para essas atitudes. Dependendo da origem dos motivos, eu busco compreender e aceitar até que a pessoa mudasse ou até que eu chegue ao meu limite. Sim! Eu tenho limites para aceitar comportamentos desrespeitosos comigo e com o outro. Quando já não aguento mais _ isso demora _ ou quando a “dose” foi tóxica demais, eu me afasto definitivamente, pois eu não posso deixarem me agredir assim. “Enterro” o passado e sigo em frente, procurando ser uma pessoa melhor que eu já fui. A minha intenção é fazer diferente e melhor. No começo, foi difícil mudar, mas a vida me obrigou: “ou você muda, ou será engolida tanto pelos “lobos” quanto pelas lembranças ruins que insistem em voltar a sua mente”.

Mudar também é uma técnica que aprendi para higienizar as minhas lembranças. Mudar significa para mim um sinal de fortaleza, porém ter o cuidado para não se tornar “um lobo”. Você apenas aprende a lidar com esses “lobos”. Nunca achei que ser o lado opressor fosse vantajoso ou bonito. Ao contrário, passar-me por má pessoa para atender a demanda social é angustiante. O opressor sempre será uma pessoa ruim, no meu entendimento, é aquele sempre se comportará dessa forma com qualquer vulnerável.

Há uns 10 anos atrás, quando a minha sobrinha, filha dela, era bebê, eu fui visitá-la, mas minha irmã não estava. Quem estava era mulher que trabalhava lá na limpeza que me colocou para interagir com a menina. Teve um momento que ela saiu de perto, pois não queria mais rabiscar, então, eu a chamei igualzinho a Márcia, e ela veio de imediato, provavelmente um estímulo positivo da mãe.

Na adolescência, eu buscava palavras para descrever algo que eu tinha observado ao conviver com Márcia no apartamento do edifício Santa Mônica. Finalmente, após alguns meses, eu consegui encontrar palavras. Foi exatamente isso: “eu e ela somos muito parecidas em personalidade, mas diferentes em ideais”. Com certeza, eu errei no termo “personalidade”, pois a minha estava se moldando, logo, o certo seria caráter para mim. Além do mais, com o entendimento que eu tenho hoje, já na beira dos 40, com 39 anos, o comportamento que eu usei em muitos casos se espelhavam nela e no meu pai que eram muito dominantes, mas a minha tendência de criança até hoje é ser uma pessoa muito quieta. Quando eu comecei a estudar na Bolívia, eu já era muito mais branda tanto por ter convivido com a irmã loira e ido a templos espiritualistas.

Meu irmão me disse uma vez, em 2014, “pai é muito tóxico, parece até que me invade e eu fico tóxico também, aí perco o controle”. Eu concordei. Falando em meu pai, ele me incentivava a ser igual a ele. É como se ele quisesse que eu não fosse parecida com minha mãe, ou seja, eu mesma. Lembro dele dizendo que eu era igual a ele por tomava iniciativa e ser comunicativa. Mentira! Quem conviveu comigo sabe o quanto eu era “na minha”. No entanto, eu sempre soube da minha capacidade de aprender, era só me darem oportunidades equitativas.

Márcia sempre tomou a frente de tudo, e eu não a inibia, eu a deixava resolver tudo. Assim, fui ficando dependente dela e não me vi estimulada a ser independente até me formar em veterinária. Ali, as dificuldades já eram enormes e crônicas demais para uma mudança repentina. O apoio que eu precisava era maior do que a estratégia de “dificultar” propositalmente minha vida para ver se elas conseguiriam me desprender desse vínculo executivo (para mim) e financeiro (para elas).

Como minhas duas irmãs têm status e dinheiro, meus progenitores, acreditavam que elas deram certo na vida, pois eles desconsideraram a questão afetiva. Então, inconscientemente, eu também fui incorporando que elas obtiveram sucesso e que eu poderia copiá-las, até porque elas me passavam segurança também. Hoje, eu sei que elas são tóxicas para mim, mesmo que uma delas não queira ser assim. A intenção é boa, mas não lida bem comigo como eu sou querendo me mudar, assim como o meu pai. Isso me prejudicou de uma forma tremenda, até para que eu mesma possa ser quem eu sou e agir em conformidade com o meu jeito meigo que perdura até hoje. Veja a descrição de mim segundo as pessoas nos meus 2 cadernos de recordações dos anos 90. Assista a eles no meu segundo canal do youtube clicando em caderno de recordação 1 e caderno de recordação 2. É que eu não consegui anexá-los no google drive, na pasta onde estão os 7 volumes do Mundo de Marília. Se você ainda não leu os volumes, clique aqui para baixá-los.

Lembrar-me disso me emocionou, pois eu tenho dificuldades de “enraizar” e sinto falta dos poucos momentos que eu senti a minha própria presença.

Isso não quer dizer que eu não tenha personalidade definida e estável. Embora eu tenha sido insegura com relação ao meu discernimento social, eu tenho qualidades e defeitos como qualquer pessoa normal. Autistas são normais e atípicos, veja a explicação no gráfico hipotético que fiz neste texto. Sendo que alguns dos meus defeitos me causam prejuízos graves e não me deixam avançar na questão financeira, pois são inabilidades sociocomunicativas e inflexibilidade.

Algumas minhas qualidades desde a infância são justiça social, filantropia, ser estável, cumprir tarefas quando já se tornou um hábito, passar confiança na relação interpessoal por fidelidade, honestidade, inteligente, amigável e amável (embora essas 2 questões causem polêmica, mas eu tento, tenho a intenção desde sempre de ser. Possivelmente, por desconhecer ou discordar de regras sociais isso seja tão discutido pela forma de expressar ou de não expressar).

Era um hábito e um dia, meu pai frisou verbalmente, que eu “gostava de dividir até um confeito”. Eu estava com 10 anos ou mais, nesse período, quando eu perguntei às pessoas ali se elas queriam um pedaço da bala refrescante que eu tinha tirado do bolso: “quer?” Ninguém quis. E eu entendi naquele momento, após o juízo de meu pai e da resposta negativa das pessoas, que aquilo era tão pequeno que eu não precisaria dividir senão eu ficaria com quase nada. Mesmo assim, continuei com um sentimento de querer sempre compartilhar com quem não tinha e com tristeza de estar em uma situação melhor que aos moradores de rua e de quem não poderia ter o que eu tinha materialmente me referindo.

Além disso, eu sempre me recusei a ser melhor que os outros, inclusive na reputação. Eu infringi regras sociais que eu aprendi e estava com uns 17 anos para fazer juízo disso. Passei, nessa idade, a deixar de brincar de bonecas com a irmã mais nova, Livinha, que começou a vir brincar comigo no lugar da irmã mais velha quando eu tinha 15 anos. Aos 17 anos, comecei a “andar” mais com uma garota também mais nova que eu e que era inteligente e esperta demais. Minha mãe e meu pai não gostavam pois ela era “falada” e eu não gostava de que me colocassem em um pedestal dessa forma, diminuindo os outros. Assim, passei a querer estar na mesma fase que elas de descobrimento, mas eu estava atrasada nesse sentido, pois minha paixão foi fixa por 4 anos ou mais, mas nunca senti vontade sexual e nunca tivemos preliminares, muito menos transamos. Todavia, levei a fama. Não me defendi e deixei que a imaginação “corresse” solta e que cada um entendesse da forma que lhes convinha. O que pode confundir é o meu jeito de estar feliz quando eu consigo um elogio verdadeiro. Não escondo e as pessoas podem sentir-se mal por ter subido tanto minha energia.

Bem, então, como meu pai tinha se aproximado de mim no início da minha adolescência, comecei a “tecer” a máscara João pai. Comecei a falar alto, a encher o prato feito uma montanha e a comer rápido, por exemplo, fazendo dessas características um mascaramento notório já que é dominante em relação à minha tendência, mas aparecendo só em determinadas situações, principalmente quando estávamos conectados. A conexão (direta e indireta) é essencial para que as máscaras sejam ativadas, por isso, a diversidade de comportamento e de interpretação dos que conviveram comigo. É tipo assim: “não sei como me portar, urgente, vou usar essa máscara para me salvar”.

A primeira vez que me dei conta disso foi quando eu estava com Dea e as outras amigas da faculdade no carro de uma delas. Eu estava no último ano e minhas atividades me deixavam com mais tempo livre, pois eu não tinha mais provas nem muitas matérias. Estávamos vindo de uma das pracinhas depois de interagirmos. Dea falou “tá vendo, já mudou de comportamento e apontou pra mim”. Então, eu fiquei reflexiva, mas não me defendi. Afinal, eu tinha de pensar sobre aquilo, sobre aquele autoconhecimento. Além do mais, ninguém me solicitou para falar sobre. Na interação, Michele era muito engraçada, fazia palhaçadas, eu ria demais e tínhamos todas em comum o tema LGBT+. Assim, eu criei um repertório com as neologias criadas por ela e as outras meninas. Eu achava engraçado e repetia tanto na hora da interação como até hoje. Elas me animavam e me tiravam de um estado extremamente estressante.

Depois que eu e o grupo nos distanciamos, porque minha segunda ex (chamada por elas de “a louca”), estava na cola das meninas e eu queria distância pelo mal físico e psicológico que ela me causou. Inclusive, na audiência judicial, foi determinado ela manter essa distância de mim sob pena de ir presa se não cumprisse, pois ela estava me perseguindo e me expondo nos lugares e com as pessoas que eu conhecia (pegou meu celular e anotou os meus contatos). Seguramente, ela implantou discórdia no grupinho. Ela tinha esse “mal espírito” de causar confusão onde estivesse, inclusive com as outras ex ela agia abusivamente também. Sei disso porque ela tinha um perfil no orkut com uma descrição mais ou menos assim: “pelo menos eu demonstrei meus sentimentos” e que estava assim desde a namorada anterior, comigo e com a depois de mim. Com o tempo, fui deduzindo através das pistas, que ela me traia com mulheres e homens e a turma me interpretava de várias maneiras, mas só Abacaxi me compreendeu de verdade. Sempre tem uma pessoa que consegue me ver além das máscaras.

Se você quiser saber mais, sobre os diversos perigos e abusos, faça o download dos e-books, gratuitamente, onde falo com detalhes de outros abusos durante toda a minha vida, desde criança.

Sabe quando você está em seu estado fundamental e recebe energias quando interage e começa a “mofar” e se expandir? Só que, a maioria das vezes, é inconsciente. Quando tentamos de forma consciente, fica uma coisa rasa ou inapropriada justamente porque não consideramos o contexto. Esse tal de contexto me era um estranho até a época do curso de acupuntura. Em 2016, a professora Leila falou sobre “discurso” em sala, faltava apenas 6 meses pra terminar, mas minha irmã loira dificultou a minha vida e não terminei. Enfim, eu parei a aula e perguntei o que era isso que ela se referia. Bem depois, quando eu estava me autodiagnosticando, que entendi e lembrei que esse assunto havia entrado na minha vida na época do curso Licenciatura Agrícola na UFRPE. As meninas e eu nos matriculamos pois tínhamos direito às vagas por já termos estudado outra graduação. Eu comecei, mas não terminei, pois um professor começou a praticar bulling comigo. Ele se enfezou comigo, após eu ter uma atitude com um colega que ele considerou “é chato e difícil, eu sei”. Eu não havia percebido que fui inapropriada e ele começou a “pegar no meu pé” nas próximas aulas. O denunciei e me desestimulei a ir para a faculdade. Logo após a denúncia, eu avisei que não frequentaria mais essa graduação de 2 anos apenas.

Infelizmente, fui muito prejudicada ao longo da minha vida, inclusive as coisas se complicaram quando me tornei adulta, por ser mais cobrada e entenderem que eu era “dona de mim”. Se já é complicado com o laudo, imagina com o subdiagnóstico! As pessoas com pouca conscienciosidade não nos respeitam, principalmente se somos mulheres e demonstramos fragilidade aparente.

Portanto, o mascaramento é um “escape” utilizado de forma subconsciente no começo da socialização da criança e vai se tornando um mecanismo consciente, inclusive quando há autoconhecimento. É uma forma da mente autista se blindar e se defender, principalmente, mas também de interagir em geral. Porque, muitas vezes, não sabemos o que falar, como falar, onde falar, onde calar, ao longo da nossa vida. Então, generalizamos e utilizamos as máscaras em situações onde o contexto pode ser diferente e não “cair bem”. Entretanto, tem situações, que elas são bem aceitas e a interação ocorre com êxito, não deixando os interlocutores perceberem nossa dificuldade social.

domingo, 25 de junho de 2023

Lucy me disse que eu sou autocentrada, não egoísta.

 


Em uma sessão na casa de Lucy, uma das psicólogas que me acompanhou, ela me falou que eu não sou egoísta nem individualista, mas autocentrada e filantropa. É que eu tinha dito a ela que me diziam que eu era daquele jeito por falar muito "eu" e "olhava apenas para meu umbigo" e que eu não era capaz de enxergar o outro. Eu senti um alívio ao ouvir de uma profissional isso e concordei com ela. Eu tinha levado, inclusive minha agenda onde eu escrevia meus textos pessoais sobre as impressões da vida e as inspirações que eu tinha. Ela agradeceu a confiança e me disse que reservasse um caderno para escrever sempre que fosse necessário, pois um dia (no futuro) eu iria gostar de reler e ver como eu era e no que eu me tornei. 

O termo "diagnóstico" é adequado ao autismo?




Primeiramente, vamos descobrir o significado e a origem do termo, certo? A partir disso, provavelmente você mesmo chegará à conclusão ou mudará de opinião.

O termo “diagnóstico” tem origem na Grécia Antiga, utilizado pela primeira vez pelo pai da medicina, Hipócrates. No entanto, a palavra é um adjetivo que significa “descrever” circunstâncias, espécies e enfermidades, logo, ela é usada em diversas situações, além de encontrar um nome para uma doença.

A Wikipédia diz o seguinte: “Do grego διαγνωστικός, pelo latim diagnosticu (dia = "através de, durante, por meio de" + gnosticu = "alusivo ao conhecimento de").

Logo, a partir dessa pequena leitura, percebemos que o diagnóstico nada mais é um nome dado ao processo de se chegar ao conhecimento através um interrogatório e de pesquisas, muitas vezes, detalhadas. Assim, pode ser usado para referir-se ao autismo da forma como entendemos “um jeito de ser” e não uma doença ou transtorno.

E aí, o que você achou? Você já sabia disso?

 

REFERÊNCIA

Diagnóstico. Dicionário On line de Português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/diagnostico/

Diagnóstico. Wikicionário: o dicionário livre. Disponível em: https://pt.wiktionary.org/wiki/diagn%C3%B3stico


sexta-feira, 23 de junho de 2023

Por que autistas são deficientes?



          Bem, eu vou responder de uma forma mais popular e outra baseada em um artigo de revisão sobre alexitimia. Autistas são considerados deficientes por não estarem adaptados biologicamente às exigências sociais. Um dos símbolos que se usa na comunidade é o de um girassol, justamente, porque significa a invisibilidade. Eu nem gosto de dizer “doença” invisível e já expliquei o motivo. Veja nesta publicação aqui.

O que será, então, que os leva a não conseguirem, por si sós, sem apoio de profissionais, a viverem seu pleno potencial e florescerem? Sabemos que o cérebro é plástico, portanto, pode renovar suas sinapses. Com autistas é igual, mas depois de muito mais estímulo que o convencional. Eles precisam de atenção especial para conseguirem se conectar e também para aprenderem a se autoperceber e autocontrolar porque autistas têm baixa tolerância com a frustração quando a percebem.

Qual será o motivo dessa dificuldade? No caso de autistas é biológico, uma vez que está implicado dano a estruturas cerebrais. Entretanto, não é o fim. O apoio profissional e a insistência dos pais e responsáveis são cruciais para o cérebro autista se adaptar, mas há condicionantes e limites. Aí entra a questão de apoio do governo com políticas públicas já que a sociedade ainda não está adaptada à neurodiversidade.

Revisão de literatura sobre alexitimia elaborado por Carneiro e Yoshida (2009) explica cientificamente a questão da deficiência do alexitímico, o qual abrange para além do autismo e faz um link com as doenças psicossomáticas. As autoras dizem que A deficiência emotiva ou de reconhecê-la e controlá-la é a expressão dessa alexitimia. Veja o mapa mental abaixo, caso não consiga ler, clique na imagem ou aqui para acessá-la com uma melhor resolução. Do seu lado direito, você vai ver um amarelo bem destacado que detalha sobre essa deficiência neurobiológica.

Alexitima: conceitos
Mapa mental: alexitimia


Os estudos de neuroimagem apontam que os alexitímicos têm dificuldade de entrar em contato com suas emoções, logo, de senti-las e expressá-las, bem como controlá-las, sejam sentimentos bons ou ruins. Um exemplo, uma autista quando recebe um elogio fica muito feliz a ponto de incomodar quem estar ao seu redor e não percebe o incômodo do outro também. Pode até ser repreendida a ponto de “murchar” demais e ficar internamente triste sem se dar conta desses extremos de mudanças e porque exatamente.

 Aliás, as emoções com seu comportamento expresso podem parecer exagerados devido à incapacidade autista de modulá-los sozinhos. Isso ocorre devido a um erro na conexão entre os dois hemisférios cerebrais e/ou entre a amígdala e o córtex pré-frontal. Esse defeito pode ter sido causado por extremo estresse durante a vida uterina e infância no caso de pessoas dentro do espectro autista.

 

REFERÊNCIA

CARNEIRO, Berenice Victor; YOSHIDA, Elisa Medici Pizão. Alexitimia: Uma Revisão do Conceito. Psicologia: Teoria e Pesquisa. SciELO, v. 25, n. 1, pp. 103-108, jan-mar, 2009, Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-37722009000100012

terça-feira, 20 de junho de 2023

É possível ser autista e ter transtorno de personalidade ao mesmo tempo?


     Primeiramente, eu preciso dizer que discordo que autismo seja um transtorno, já que esse termo direciona para algo doentio conosco. Na verdade, ver-nos como deficientes é mais adequado, no entanto, quem é deficiente é a sociedade que não está adaptada totalmente para nos receber e aceitar como somos na nossa neurodivergência. A sociedade quer que a gente se adapte.  Tudo bem nos adaptarmos até um dado limite, aliás o de cada um é distinto. Aí surgem as políticas públicas pra corrigir esse erro social enraizado, não só para incluir o autista, como igualmente, as demais pessoas excluídas do padrão socialmente aceito. 

      Depois, vamos fazer uma diferenciação de termos comumente confundidos. Temperamento, caráter e personalidade. Temperamento é a manifestação das características ou da tendência genética (inata). Aliás, se quiser ler o artigo que escrevi explicando cientificamente a real causa do autismo, clique aqui para entender melhor o que se trata.

    Caráter é o meio termo, onde há o modelamento do que é inato com o que é aprendido (meio ambiente) e Personalidade é quando o caráter está solidificado. Pelo que entendi, a psicologia considera a personalidade um padrão desenvolvido e equilibrado de ser no mundo, mas mutável. Assim, o autista tem uma forma de ser no mundo, mas sem apoio, ser quem ele é nesse mundo, é muito confuso, então autistas adquirem muitas máscaras. Porém, ele sempre será uma boa pessoa. O entendimento de quem o vê agindo fora do aceitável é que o "demoniza".

       Quem está errado, autistas ou quem não o compreendeu? Entende, que também há uma deficiência de comunicação imperceptível no momento do ato? Autistas vão ser criminalizados, inclusive quando adultos, a ponto de serem injustiçados ao extremo. É por isso que eles têm um senso de justiça grande, pois eles sofrem a penalidade social, mas não querem que os outros também passem por isso, justamente por ter um temperamento bom. Se eles se deixassem levar pela desesperança e cometessem injustiças, surtariam, pois estariam indo contra a essência deles. É isso que acontece com autistas sem a oportunidade de saberem quem eles são (diagnóstico). Ficam à mercê do mundo para sobreviver e provavelmente serão "engolidos" e desenvolverão comorbidades, e não transtornos de personalidade, como forma de se equilibrarem nessa loucura social.  

       Sobre o tema deste artigo, eu respondo a pergunta com um "depende"! Seria impossível se houver apenas um locus gênico com um par de genes responsável pela característica da personalidade, pois ser autista já é um tipo de tendência de personalidade e não um transtorno como foi nomeado inadequadamente. Aliás, as conclusões sobre o autismo _ e seus termos_ têm sido equivocadas ao longo dos anos desde a sua primeira observação na década de 40 do século passado. Inclusive, elas estão em constante mudança à medida que autistas se colocam em seu lugar de voz.

       Agora, se for descoberto um gene diferente para a manifestação da característica “autismo” e um par de gene em loco diferente para o transtorno de personalidade, sim seria possível que autistas desenvolvam algum transtorno. Porém, ainda se desconhecem essas informações. Quem sabe daqui pra frente? Está tudo tão rápido! 

      Já em minha opinião, de acordo com o que eu conheço da tendência de caráter autista, não seria possível autistas serem bipolar ou borderline, por exemploporque eu já disse acima. O autismo já é uma tendência de personalidade com deficiência (é um modo de ser no mundo, não uma doença nem um transtorno). Faz sentido? Essa personalidade é essencialmente equilibrada (inocente, coração leve, do bem, justo, sincero demais, etc), porém o seu jeito singular acaba deixando as pessoas à sua volta incompreensivas a ponto de os prejudicarem quando estes não se submetem à injustiças, por exemplo. Veja o mapa mental abaixo sobre os termos técnicos para os tipos de personalidade e suas pontuações no autismo segundo a minha opinião, a qual difere de alguns artigos científicos. Se a imagem estiver muito pequena, clique nela que aparecerá em outra página.

borderline e autismo, bipolaridade, tdah e autismo, diagnóstico diferencial

No entanto, o que causa o transtorno social, é a sua deficiência neurobiológica e a deficiência de comunicação entre receptor e orador, além da punição social. Assim, pergunta-se por que há autistas diagnosticados duplamente ou mesmo artigos afirmando a possibilidade? _ ninguém fala no assunto _ mas é um erro de diagnóstico por falta de habilidade do profissional, inclusive originado de mal entendido, ou interesse profissional.

Eu entendo que autistas captam muito o jeito das pessoas (masking) e também aprendem normas sociais, mas as aplica de forma atrapalhada, justamente por não saber o momento certo e a lábia contextual. Assim, essa repetição é 100% aprendizado, não é nem 10% nata. Dessa forma, quem ver de fora sem perguntar o motivo bem detalhado e atento, vai achar que entendeu o comportamento da pessoa em fase de investigação e desanda para outro diagnóstico ou para um duplo. Exemplificando, um autista tem um pai dominante narcisista e absorveu o jeito mulherengo doentio dele (masking), mas tende a não sentir vontade sexual, apenas repete essa “norma social” aprendida de que deve iniciar-se no “amor” logo cedo, em vez de esperar o momento que seu corpo sinalizar a fim de começar de forma saudável para seu cérebro, para o seu bem estar e do outro também. Esse filho não aprendeu isso em casa e as aulas de educação sexual na escola foram muito teóricas para essa cabecinha extremamente concreta.  A consequência é que ele vai aprender tudo na prática e passar por perigos, infelizmente. No entanto, isso não significa que ele seja narcisista ou bipolar. Entende? É preciso ficar bem atento a essa questão, pois há muitos profissionais, autistas e artigos científicos mal feitos que afirmam essa possibilidade. 

Aprendemos que há regras ruins em nosso sistema de aprendizado, através da vivência e prestando atenção nas respostas negativas aos atos, mesmo que muitas vezes sejam atitudes reativas a um estímulo (achar que uma mulher estava dando sinal de passagem amorosa e não era bem isso).  A psicoterapia ajuda muito nesses aspectos também. Ao constatar que estávamos agindo de maneira errada, mudamos a postura para tentar nos adequarmos, inclusive à nossa própria consciência. No entanto, se não tivermos apoio, vamos continuar “metendo os pés contra as mãos” em outras areas do comportamento não percebidas caso tenhamos tido maus exemplos quando criança e adolescente. Cientificamente, seria o consciente (5%) tentando ir contra o inconsciente (95%). A vida social já é confusa, imagina tendo de lidar com esses dois pesos. É muito complicado sermos assertivos socialmente sozinhos, sem uma rede de apoio para nós. Só não somos assertivos pela imaturidade social, mas conseguimos evoluir com ajuda e nos tornamos assertivos, justamente por ampliar nossa compreensão e conseguimos ver vários ângulos ou possibilidades de interpretação cada vez mais. 

Então, autistas mal conduzidos adquirem características indesejadas, mas não são genuinamente deles. A manifestação vai confundir os outros porque tem muitas máscaras envolvidas, algumas mais superficiais e outras mais profundas porque vieram da infância, mas não são parte daquela personalidade real. Ué, mas o diagnóstico de autismo depende, em grande parte, das manifestações na infância, né isso? Sim, mas é preciso diferenciar as primeiras manifestações alteradas pelos responsáveis para que a criança fosse vista como normal. Portanto, não é só o adulto que mascara. Na verdade, vai ficando mais consciente o mascaramento, porém, ele já começa a ser introduzido já na primeira infância. Porém, com um olhar atento e lembranças detalhadas, é possível identificar com o apoio profissional experiente.

Autistas manifestam essas características de temperamento ainda bebê, a qual vai se moldando pelo ambiente, sejam por estímulo de pais, mães, professores e professoras ou outros familiares e pessoas próximas. Assim, vão formando o caráter e depois a personalidade, cujas máscaras escondem a nossa verdadeira personalidade. No entanto, ela não “cristaliza”, pois há um contínuo movimento de aperfeiçoamento normal que acontece ao longo dos anos, inclusive se não houve intervenção suficiente para esclarecer a confusão social na mente do autista sobre si mesmo e a assertividade social. Se esse equilíbrio é perdido por muito tempo, surgem depressão, ansiedade, estresse pós traumático, psicossomatização em geral, menos transtornos de personalidade.

Por fim, é de praxe definir autistas como aqueles que veem o mundo de forma diferente. Isso é um fato. Por isso e pela diversidade de cultura que a humanidade criou, autistas são tão diversos. Autistas não deveriam aceitar serem chamados de transtornados (transtorno do espectro autista), mas de pessoas no espectro autista (PEA), pois autismo é um modo neurodiverso de ser no mundo. A sociedade é quem nos causa transtornos, por ser intolerante à nossa deficiência. Autistas estão em constante evolução e aperfeiçoamento de sua pessoa, basta que receba a(s) intervenções adequadas, para que sua mente seja clareada sobre si, suas emoções, palavras e ações. Tal autoconhecimento só é possível de ser feito com êxito quando a pessoa obtém seu diagnóstico, mas isso já começa a florir quando se autodiagnostica dentro do espectro. Para isso ocorrer, e diminuir o subdiagnóstico, é preciso que o conhecimento sobre o autismo seja seriamente reformulado e em conformidade com a voz de quem está no espectro, pois geralmente, os profissionais e responsáveis desatentos têm uma visão limitada de como é ser autista.

Já descobriram qual ou quais são os genes que pré-determinam o autismo?

        




    Ainda não. O que existem hoje são genes que foram associados ao autismo, mas não são responsáveis diretos pela expressão da PEA (Pessoa do Espectro Autista). Por exemplo, o gene PAX-5 pré-determina a ocorrência de linfomas, câncer nos linfonodos, são mais encontrados em pessoas com autismo comparando com as pessoas que não tinham o diagnóstico. 

       Estudos resultaram em uma probabilidade maior de tais genes se expressarem em pessoas do PEA do que em neurotípicos. No entanto, essa associação não tem relevância para diagnóstico laboratorial. Aliás, até agora, os testes genéticos já prontos para relacionar com autismo servem empiricamente para relacionar com uma maior ou menor probabilidade de ser autismo, mas não confirmam nada. Aliás, os pesquisadores da linha geneticista podem procurar genes que acharão de monte porque somos genética pura em tudo. O segredo está na epigenética, colegas. 

        Veja essa publicação para entender o que estou querendo dizer. 

Por que é equivocado dizer que a causa do autismo é genética?

       




Em um primeiro momento quero lembrar, pessoal, autismo não é doença, concordam? Autismo é  denominação para as características de pessoas atípicas. O mais aceitável é que seja chamado de deficiência, porque os autistas precisam de suporte para elas conseguirem funcionar nessa sociedade feita para típicos e também porque o cérebro tem uma deficiência na auto-regulação emocional, mas como o cérebro é plástico, se for bem trabalhado, os autistas podem refazer essas conexões, mas sempre com apoio. Enfim, nem nos livros de genética médica encontra-se o autismo entre as doenças genéticas listadas. Nem se poderia, porque autismo não é doença.

Se não é doença, o que é autismo? Autismo é um tipo de personalidade “fora da curva”, não muito comum, portanto, incomum, atípica, porque houve uma intempérie no neurodesenvolvimento, assim, uma perturbação na forma de maturação comumente vista do sistema nervoso desde a vida intrauterina, mas nada que possa se considerar uma enfermidade. Certo?   

Podemos explicar o autismo em um gráfico como se estivéssemos fazendo um experimento para saber quantas pessoas são normais e quantas são patológicas em uma sociedade e depois colocar esses números distribuídos em um gráfico. Considerando uma curva de distribuição normal, chamada pela ciência matemática de curva de Gauss, onde se colocam os números mais frequentes (moda), a média ou a mediana (50% acima e 50% abaixo) e os números extremos (outliers) que ficam longe desses parâmetros típicos centrais que aparecem para qualquer característica em uma curva. Vamos supor que os números encontrados no estudo colocaram os autistas como “autliers” só para fazer graça com o termo outliers, eu troquei “o” por “a” para “aut” de autista (rs). Vejam! a curva ficaria mais ou menos assim:



Deixa só eu explicar o que eu quero dizer com esse gráfico. O doutor Clay Brites falou em um de seus vídeos que o autismo estaria no extremo. Ele estava se referindo justamente a isso aí do gráfico: a “linha é tênue”. As 2 linhas ao lado da central e o seu entorno interno  estariam representando os neurodivergentes, inclusive os autistas, os “autliers”. Ultrapassando essa linha, estariam as pessoas com enfermidades mentais. Já na linha central (que eu tomaria como a mediana para que a estatística retratasse mais fielmente a realidade) e no seu entorno estariam os típicos. Isso é uma suposição dentro do que definimos e conhecemos em teoria. É uma das maneiras de explicar o que seria o autismo.

Por que eu estou focando nessa questão que autismo não é doença _ NEM TRANSTORNO? Vamos voltar para as aulas de colegial, certo? Depois a gente aprofunda, em outra publicação. Por enquanto, o básico é suficiente para entendermos que é errado dizer que a causa do autismo é genética e não replicarmos mais esse equívoco.

Primeiro, é preciso dizer aos que não se deram conta ou relembrar quem já sabe que toda e qualquer manifestação no ser vivo se realiza pelo ativamento de partes do DNA, a molécula com o molde informacional da essência de um ser. Essa essência é material (corpo) e imaterial (temperamento). Quem ativa essa estrutura? ela tem vida própria? Não. O DNA é uma molécula como outra qualquer, só funciona através de reações químicas, portanto, a partir de estímulos de outras moléculas _ em sua cadeia ou ao redor dele. Isso significa que o meio o controla. Esse meio, além das moléculas, é também o pH (acidez, basicidade ou alcalinidade), que é alterado pela alimentação e tudo que é ingerido, inalado, absorvido pela pele; e a energia como os pensamentos e sentimentos.

Agora, nós vamos relembrar os conceitos básicos de genética, especialmente genótipo e fenótipo. Vocês lembram o que é FENÓTIPO? Isso... é a expressão do genótipo induzido pelo entorno. O que é GENÓTIPO? São os genes herdados que um ser possui, logo, é a sequência de bases nitrogenadas da cadeia do DNA, expresso ou não. O genótipo só se manifesta do jeito que ele é por causa da interação entre os genes e o meio, resultando no fenótipo. Resumindo, podemos usar a fórmula F = G + M. Vocês podem ver que até agora eu não inventei nada, nem vou inventar. Tudo que eu disser aqui está escrito em algum livro ou artigo científico. Por enquanto, eu estou nas aulas básicas de genética, certo?

 Aí, alguém chega e me diz: Marília, eu não lembro bem dessas aulas, você poderia ser mais prática? E eu respondo: Claro! Imagina você que o professor ou a professora pede pra você responder, na prova, qual é o fenótipo de uma pessoa albina? Aí você explica suas características: ela é branca, não possui melanina. Ora, a genética está envolvida e ninguém tem dúvida. Tudo tem a genética, desde tendências de caracteres anatômicos e fisiológicos até comportamentais e de temperamento. Agora, dizer que o fator causador é unicamente ou majoritariamente genético é que é equivocado. Por que?

Porque o albinismo, assim como o autismo, é uma manifestação das características do genótipo que aquela pessoa possui. Assim, voltamos aquela fórmula redutora e simplificada F = G + M. Essa interação entre os genes e o meio que culmina no fenótipo chama-se Norma de Reação ou Plasticidade Genotípica. Então, toda e qualquer manifestação comportamental, fisiológica e anatômica são fenotípicas. Ok?

Sendo que ainda considerando que existam os resistentes nessa questão, não tenho nada contra resistência, porque eu sou uma delas, me perguntam assim: “Marília, mas eu vi em vários artigos que dizem ser de causa genética o autismo”. Quando eu escuto o “mas, porém, todavia, contudo, entretanto, enfim, alguma conjunção adversativa, eu já sei que é um resistente. Aí eu parto pra o segundo argumento. Aí eu penso, agora ele ou ela vai entender.

Gente, sem brincadeira. Toda dúvida é importante. Olha, uma coisa não desabilita a outra. Tão entendendo? Sim? O que vocês estão entendo? A gente tem que considerar isso também, né? (Rs). Bom, não estou chamando nem a pessoa resistente, nem o artigo de mentirosos. Sabe? O que “pecam” é na forma de se referir à causa sendo, maiormente ou totalmente, genética. É claro que se forem buscar marcadores genéticos e genes presentes em autistas e ausentes nos típicos, encontrarão de monte, mas até agora nenhum foi 100% um gene ou vários genes somente encontrados em autistas. Portanto, não se pode atribuir o autismo como estritamente ou fortemente genético.

Alguém ainda não entendeu? Tá chegando? Por exemplo, a sequência (parte, gene) do DNA com as informações para tal característica (no caso, autismo) ele por si só desencadearia a manifestação dessa característica se fosse a CAUSA. No autismo, até quando dizem os geneticistas que há a presença de genes mutantes, por deleção ou outro tipo de mutação, eles estão se contradizendo. Porque estão sendo contraditórios? Ora, a mutação não é levada a ocorrer através da indução do meio? Ora, mesmo se forem genes não mutantes, a epigenética está fortemente implicada na manifestação dos genes autísticos. Eu pretendo mostrar isso que tem nos artigos de revisões sobre autismo e epigenética publicados este ano de 2023. Eu disse lá atrás, há alguns anos, que a epigenética estava se impondo não só pra o autismo, mas em qualquer área. Lembram que eu hiperfoquei no livro que a minha psicóloga Lucy havia me indicado? O livro tem o título A Biologia da Crença do autor Bruce Lipton. Tem ele em pdf gratuito na internet. Baixem! Façam o download! Bruce ganhou o prêmio nobel, na época, por esse livro. Ele tem uma linguagem simples e acessível. Feito para a população não científica ou que não é da área de naturezas.

Por fim, dessa primeira explicação, qualquer deficiência, distúrbio ou mesmo condições típicas, tudo é genético e ambiental. Sendo que no autismo, há ainda muita dúvida qual gene em específico está envolvido e sua sequência de bases nitrogenadas, não se sabe qual é o genótipo do autismo. Lembra, fenótipo e genótipo? O que se descobriu, foram alguns genes responsáveis por carregar também as informações de outras características típicas, não típicas e doenças que se esses genes sofrerem alguma alteração do ambiente (deleção ou outro tipo de mutação, acetilação, metilação, etc) eles podem DETERMINAR a manifestação do autismo ou aumentar o RISCO das morbidades associadas ao TEA.

Então, "determinar" ou, melhor, "pré-determinar" é algo que aumenta as chances de desencadear as características. Por exemplo, problemas no parto e ter mutação no PAX-5 (gene). Ambos os fatores_ distúrbio na hora de nascer e alteração na sequência desse gene_ são modificações ambientais, se elas não ocorrem, a possibilidade de ocorrer autismo na criança é bem baixa. Por outro lado, se esses estimuladores ambientais ocorrem, mas não há esse ou outro marcador genético, a possibilidade de ocorrer autismo na pessoa é muito menor. No entanto, ainda pode ocorrer, porque apesar das mutações genéticas ocorrerem mais na vida intra-uterina, elas também podem ocorrer também após o nascimento, porém com menor probabilidade (chance). Aliás, em genética, tudo é em termos de probabilidade, quando se afirma algo, é a certeza do que é provável de ocorrer. Por exemplo, 25% ou ¼ de chance de nascer com autismo após fazer um teste diagnóstico dos marcadores genéticos, certo?

Então, eu diria que a genética PREDISPÕE, mas não CAUSA por si só o autismo. Assim, pode-se dizer que a genética é um FATOR PREDISPONENTE do autismo. Já o entorno precipita ou induz a manifestação e pode ser considerado um FATOR PRECIPITANTE. Sabe quando alguém tem potencial e só precisa de uma forcinha ou empurrão pra ela manifestá-lo e ter êxito? É bem isso a relação entre fator predisponente e fator precipitante. Um sem o outro não acontece nada. Ironicamente, tem de haver uma interação para o processo ocorrer.

Segundo, em sendo a epigenética fator precipitante, não se pode afirmar que a genética é maior, porque se o meio não favorece, os genes ficam inativos e não manifestos. A ativação se dá geralmente por mudanças REVERSÍVEIS no entorno do DNA e até mesmo na própria cadeia do material genético, as mais conhecidas são metilação e acetilação. Obviamente, se não houvesse genética favorável, o meio não conseguiria sozinho manifestar as características que não existem.  O fato científico é que, segundo a epigenética, que infelizmente ainda não estudamos no colegial, os genes não têm o poder de manifestarem-se sozinhos. Sempre é o meio que os ativam, seja o meio químico, com Ph ideal, a presença de certas proteínas na cadeia do DNA ou o meio ambiente mais externo como os pensamentos, emoções, nutrição e toxinas em qualquer momento do desenvolvimento do ser, mas em especial no momento intrauterino (congênito). Entenderam?

Agora, se você quer saber quais são os genes do autismo (ou de qualquer outra característica) pode perguntar assim: “qual é o genótipo do autismo?”. “O gene do autismo é recessivo ou dominante?”. Certo? Aliás, não há na literatura o autismo entre as doenças genéticas, primeiro o autismo não é doença.

Assim, nós percebemos que só por uma questão de relembrarmos o uso de termos científicos, concluímos que é um equívoco os profissionais ainda insistirem em dizer que a causa é genética. Verificamos também que até alguns livros dizem que a causa é desconhecida ou uma mescla de ambos os fatores sendo a genética, portanto, um fator predisponente e o meio ambiente um fator precipitante. 



Eu sou uma boa pessoa

"Você é uma pessoa boa, Mari". Essa frase eu já escutei algumas vezes de amigas e amigos "irmãos". Eu comecei a entender...