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"Bem vindo e bem vinda ao blog. Espero que goste do conteúdo. Muito obrigada pela visita. Deus te abençoe! e Volte sempre que quiser!" (Marília)

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Quetiapina para insônia de autistas

 


Há mais de 10 anos eu tenho insônia. No começo, era menos grave, eu conseguia dormir até as 3h da manhã ou até às 23h ou meia noite. Muitas vezes, o horário foi mudando, assim, eu poderia dormir a partir das 2 ou 3h da manhã, depois de ficar vagando a mente pela noite e parte da madrugada. Cheguei a um nível de não conseguir dormir nada à noite e pela madrugada. No entanto, eu tentei resolver de forma natural, sem sucesso, porque não tive a devida assistência profissional. A minha busca por ajuda culminou no que eu mais repudiei: tratamento com remédio controlado. Espero que esse não seja o fim porque eu quero conseguir dormir, pelo menos, sem o uso de tarja preta ou vermelha.

Agradeci ao Alto por eu estar conseguindo dormir, apesar de ser com a ação de medicamento. No entanto, eu não durmo bem, pois acordo indisposta, sonolenta e com dores no corpo, pois os músculos continuam tensos. Além disso, tenho de colocar os tampões de ouvido, senão eu não durmo também ou demoro a pegar no sono. Já quando estou muito ansiosa, eu não consigo dormir, mesmo medicada. 

A quetiapina é muito usada na esquizofrenia e bipolaridade em doses altas. Eu tomo 200 mg, essa quantidade pode parecer alta, mas não é. A psiquiatra começou com 100 mg da quetiapina comum, mas meu organismo não a aceitou bem porque eu passei mal todas as noites. Assim, as reações de meu corpo eram garganta dormente com prejuízo até na deglutição de saliva, hipotensão com taquicardia, acordar para urinar à noite e um peso para me levantar junto com a taquicardia. Relatei à psiquiatra que me atendia on line gratuitamente por ser colega da minha irmã mais velha. Ela, então, após várias queixas em muitas sessões, me orientou a tomar a quetiapina XRO de 200 mg. XRO, a farmacêutica me explicou, significa que o medicamento é de liberação lenta. Meu organismo se adaptou melhor, mas eu ainda tenho, às vezes, hipotensão com tontura leve e têm noites que eu não lembro de tomar. Eu acho que é porque ficou algo automático. Assim, quando eu esqueço, me dou conta só quando fico com a mente vagueando quando eu deveria estar "groguezinha". 

O fato é que a ação da quetiapina usada para insônia ocorre devido ao efeito colateral dela. É isso mesmo. A pessoas ficam achando que sou esquizofrênica ou bipolar só por tomar quetiapina, mas elas foram confundidas porque a quetiapina em doses altas é mais usada para essas patologias. Mas eu só tomo 200 mg, apesar de não gostar mesmo assim. Veja só, meu organismo reage ao efeito colateral da quetiapina em doses pequenas. O bom é que acaba sendo terapêutico para uma coisa, mas é preciso ter cuidados maiores e fazer exames, ou não? Se sou sensível ao efeito colateral de causar sonolência, será que meu organismo também é aos outros efeitos colaterais? Misericórdia! Não sei o que é pior ficar sem dormir ou dormir sob o efeito adverso dessa droga medicamentosa. Tá entregue a Deus. Jesus amado! 

Re-editado em 02/11/2023:  Após a consulta com especialista em autismo, em 25/09/2023, passei a tomar cerca de 175 mg e depois 100 mg. Portanto, estou tomando a metade da quetiapina e tendo quase nada de efeito colateral. Estou sentindo sede (boca seca) antes de ir dormir e, às vezes, sinto a garganta ainda dormente, mas não é tão intenso como quando eu tomava o dobro da concentração que estou tomando agora. O sono vem, mas ainda só durmo se tomar a quetiapina. Diante disso, ainda tenho esperança de parar de tomar um dia.

domingo, 27 de agosto de 2023

Dipirona: uso excessivo no autismo



Antes de adentrar no texto em si, eu queria dizer que o uso da dipirona é uma consequência das comorbidades não tratadas, uma vez que sejam controladas, como a ansiedade, reduzirá drasticamente a necessidade do consumo, uma vez que as dores não serão tão frequentes. 

Os que me conhecem a mais tempo sabem que eu evitava tomar remédios sintéticos. Hoje, por ironia do destino, ou mesmo pela lei da atração, me vejo propelida a usá-los após tanta resistência. O foco neste texto é a dipirona, um anti-inflamatório e anti-pirético comumente usado e liberado de receita. Falando assim, até parece inocente, mas se usado a longo prazo e em dose diária excessiva pode trazer consequências indesejáveis. Infelizmente, estou usando cerca de 2 cartelas por semana há anos. Comecei a usar com mais frequência na Bolívia e quem sabe já devo ter manifestado algum efeito colateral (desconforto GTI, diarreia, tontura por hipotensão, paradoxalmente dor de cabeça hipersensibilidade na pele e alguma disfunção renal). A maioria desses efeitos colaterais são parecidos com o que tendo a apresentar pela ansiedade, quem sabe me expor ao medicamento por tanto tempo, não me sensibiliza mais ou potencializa ter os sintomas como um feedback positivo? Teria de fazer uma pesquisa para confirmar ou rechaçar essa hipótese apresentada. Por outro lado, quem souber me responder eu ficaria grata. 

Os motivos são os mais variados: enxaqueca, cefaleia, ataque da sinusite à noite, tensão muscular com dores variando de posição desde o pescoço até perna. Eu emagreci, devido à uma dieta restrita da nutricionista, isso diminuiu a incidência das dores na coluna e no ciático, mas quando estou ansiosa, elas atacam. Então, me sento um pouco para aliviar o peso distribuído, geralmente resolve, mas quando isso não acontece, recorro ao medicamento. Eu gostaria mesmo era de recorrer à massagem com ventosas e óleo aromático de lavanda para facilitar o movimento e proporcionar bem estar mental através do cheiro. No entanto, não tenho acesso a esse serviço. A dipirona é mais fácil de conseguir.

Eu até comprei um remédio natural para sinusite, cujo efeito foi melhorar a respiração e a narina não entupiu por alguns dias, mas logo, deu a crise novamente, porém com menos intensidade. Estou prevenindo, trocando os lençóis a cada 2 dias, no máximo, pois no terceiro dia já dá sinais de entupimento. Aí não tem jeito, preciso tomar 2 dipironas de 500 mg para, pois 1 não serve nesse caso. Nos demais casos, 500 mg para cefaleia e enxaqueca 1 ou 2 vezes no dia, depende da intensidade. No caso da tensão muscular, no geral, incluindo dores na cabeça por tensão, dipirona de 300 mg com relaxante muscular (orfenadrina) resolve as dores. 

Bem, estou aqui o dia todo no computador e a dor de cabeça está acenando. A tensão na nuca, no pescoço e entre as escápulas já sinalizaram a muito tempo. Só não estão tão intensas porque minha cadela me chamou algumas vezes e eu desconcentrei. Então, parei, vi a hora e associei com as possíveis necessidades que ela estava tenteando me chamar a atenção (comida, xixi, cocô, carinho). Então, pude parar um pouco, mas fico de 3 a 4 horas seguidas quando elas me param. Eu demoro um pouco a parar, tento voltar ao hiperfoco, geralmente consigo quando a interrupção é alguns segundos. Mas quando meus peludos insistem, eu acabo dando atenção a eles. Aprendi, que quando eles me chamam, eles realmente estão precisando de umas dessas 4 coisas, geralmente, é para fazer xixi e coco ou ir para o cantinho delas comerem a ração.

Enfim, tenho de desligar o computador e deitar. Assim, evito tomar dipironas, se as dores persistirem, tomarei a dose de hoje, de acordo de cada caso _ ou casos, pois tem dias que são mais de uma dor com ou sem sinusite. Até mais. 

Ansiedade e eventos sociais





Não sei quando eu desenvolvi ansiedade em níveis patológicos, mas lembro do dia que eu estava em uma sessão de psicoterapia com Lucy Galindo em que ela me chamou a atenção, logo, à autoconsciência dessa comorbidade. Eu já estava na fase adulta inicial estudando veterinária. Ela fez inclusive uma sessão guiada de relaxamento comigo onde eu deitei no divã da sala de atendimento que ficava no apartamento dela. Ela me fez perceber o quanto minhas pestanas não paravam com os olhos fechados. Ela me explicou que aquilo era um sinal do quanto eu era estressada. Então, me emprestou um CD com música instrumental_ ela amava CD's, DVD's e um computador antigo que ela usava para jogar Solitário no tempo livre. Ela já era idosa, diminuiu as atividades, mas não parou até sofrer um acidente e ficar tetraplégica. Nesse período, eu já estava na Bolívia. Liguei para ela, mas ela estava tendo problema na memória e logo faleceu. Eu só fiquei sabendo disso quando fui no prédio dela, anos depois. O porteiro me reconheceu e disse o ocorrido há 4 anos a partir desse dia da visita. Eu acho que ela teve sua última missão comigo, pois ela parecia bastante avançada na técnica de meditação com desenvolvimento de "superpoderes" mentais. 

Bem, na faculdade do Paraguai, eu recebi dicas de professores, alunos e demais profissionais que eu desenvolvi Transtorno de Ansiedade Generalizada. Então, pude entender porque é tão difícil para mim relaxar e porque eu suo tanto. Inclusive, alunos do primeiro ano, provavelmente da minha ex-professora, me fizeram me dar conta do comecinho de quando eu inicio a suadeira. O resultado, é que eu fico com os pés suados, logo, o sapato fica fedorento porque eu não tinha o hábito de limpá-los com a frequência exigida nessas situações. Então, minha memória me remete ao passado na época do CPI, Colégio Preparatório Integrado, onde meu único tênis tinha um chulé que subia aos narizes de quem estava sentado ao meu redor na sala de aula. Eu não podia balançar minhas pernas nem um segudinho que o fedor estava pairando no ar. Assim, minha forma de eliminar a ansiedade (balançar as pernas) era inibida por mim resultando na presença de estímulos ansiogênicos, seja não poder mexer os membros inferiores, seja a presença de pessoas aglomeradas _ embora a turma tenha sido acolhedora. Ainda tinha o fato de eu achar que era feio uma moça com chulé e também não querer incomodar com o fedor. Esse problema perdurou a minha vida inteira, no curso de acupuntura em 2016 e nas faculdades de medicina que eu cursei. Enfim, diminuiu muito a minha auto-estima e eu sou bem traumatizada quanto a isso.

O problema não é só esse, além disso aumentou de dimensão. Minhas roupas mal-lavadas ficavam com mal cheiro devido à suadeira e eu tenho incontinência urinária com estímulos ansiogênicos fortes. Já na Bolívia, eu percebi isso. Perguntei até a minha prima, que foi pra lá estudar igualmente, se ela precisava trocar a calça jeans todos os dias e se ficavam fedendo a xixi. Ela disse que não, que durava a semana toda com uma calça. Ela também ficou surpresa com a velocidade que eu conseguia evacuar o número 2. Na verdade, essa relativa rapidez ocorre quando eu fico ansiosa e o meu Trato Gastro-Intestinal (TGI) reage somatizando em diarreia ou quase diarreia. Pra ser sincera, passei minha adolescência tendo mais dificuldade para defecar, onde minhas fezes eram bolinhas, parecido com as de bode. Depois que comecei a me hidratar melhor, foi que a constipação ficou mais rara.  Essa questão de problemas digestivos e com determinados alimentos é motivo para uma nova publicação. Portanto, a ansiedade estimula minha ida ao banheiro tendo ligação direta com a fisiologia renal e do TGI.

Imagina, estar fedida atrapalha demais na concentração e no convívio social, sem contar a inerente falta de manejo social. Aliás, foi a partir do terceiro ano colegial, eu tive minha primeira grande desorganização mental porque estava sob enorme pressão social: tinha de estudar em um colégio com herança militar e exigência de disciplina com aula o dia todo e à noite, além do convívio conflituoso em casa com irmãos, enfrentando a adolescência...). Enfim, tudo junto e misturado me levou a não permanecer nas aulas, a não conseguir estudar em casa todas as matérias, tirar notas baixíssimas, mudar de colégios 3x e voltar para a casa de meus pais no interior (a primeira vez após ter saído para morar com minha irmã em Recife com 13 anos). Terminei o 3 ano na escola que minhas irmãs estudaram, o Creuza de Freitas, sendo o 4º colégio que cursei o terceiro ano do antigo ensino médio no início dos anos 2000. Só tive a tranquilidade de ir à aulas porque não havia pressão e minha melhor amiga de busão, Tita, era da mesma turma. Nós não formávamos mais aquela dupla, mas eu me senti acolhida por ela e pela turma. Aliás, quando eu falei a ela que eu saí do colégio por questões de "depressão" ou tristeza (eu não sabia da minha ansiedade também), ela não acreditou. Mas eu não dei importância porque eu era respeitada e aceita e não havia tanto estresse. Eu poderia estudar tranquila. Exceto, com relação ao professor de biologia, que gostava de humilhar em público. Ele me comparou com minhas irmãs ao me dizer em público: "você não é igual a suas irmãs". Ele se referia em termos de participação e inteligência, quando eu estava sentada no fundão, falando algo, perto dessa minha amiga dos tempos que íamos para a escola particular na cidade vizinha no ônibus escolar privado. A partir daí, eu me calei e fiquei acuada. Nunca mais fiquei em conversa paralela na aula dele. Ele era tipo aqueles professores "estrelas" e mau humorados. Fiquei com uma má impressão dele também. Entretanto, recentemente, quando eu e minha mãe caminhávamos, no início deste ano de 2023, ele passou pela gente, eu olhei para falar "oi" e ele virou o rosto e passou para o ponto do ônibus como se não tivesse visto ou reconhecido. Mas eu fiquei com a impressão que ele não quis falar mesmo.

Há alguns meses, fui ao posto de saúde para uma consulta médica geral e de nutricionista. Pude perceber vários dos sinais de ansiedade incontroláveis. Dei-me conta por conseguir observar sinais da médica me observando as mãos, por exemplo. Assim, com ajuda de amigos e profissionais, estou nesse processo de auto-conhecimento há anos, mas continuo ansiosa. Confesso que este post é resultado de uma conversa no messenger iniciada pela minha ex-professora e agora amiga que tive na UPAP, Lucila Acevedo. Durante a conversa, veio o vislumbre de que estou diante de estímulos ansiogênicos, quando ela me perguntou como eu estava. Aí falei, "ansiosa, mas feliz". Então, ela perguntou o por que eu pude raciocinar e dizer a ela que, em breve, terei eventos sociais novos: "no fim desse mês, eu tenho de levar minha cadela para castrar, depois psiquiatra on line e depois Enem". Só de escrever e lembrar deles minha perna começou a balançar automaticamente.

O fato é que eu acabado me esgotando mentalmente e não faço nada durante o dia todo. Com muito pesar, eu me esforço e consigo levantar da cama depois de uma noite mal dormida, apesar da indução da Quetiapina ao sono e de colocar os tampões de ouvido antes de adormecer. No entanto, o que faço é o mínimo do mínimo, por exemplo, coloco a comida e troco a água dos animais e me alimento também. Porém, eu deveria estar fazendo a higienização dos peludos todos os dias e estudando todas as matérias para o Enem, já que estou com tempo de sobra. Então, como me sinto ansiosa, vejo vídeos motivacionais, relaxantes, entusiasmantes, faço meu planejamento de atividades diárias e não consigo por em prática. Assim, ao não conseguir fazer as minhas obrigações como deveria, eu fico mais ansiosa ainda. O resultante ócio angustiante me leva a fazer coisas que gosto e acabo hiperfocando nos aplicativos de celular, nas artes manuais ou no Canva, por exemplo. Ademais, a pia enche de pratos sujos de dias anteriores, não faço comida e/ou como 2, 3, 4x vezes mais a quantidade ideal e fico propensa a consumir frituras mais vezes. O pior é que a comida em excesso preenche esse vazio ansioso por pouco tempo e logo estou querendo mastigar novamente. As consequências para a saúde física não são as melhores. Tenho histórico de colesterol no limite máximo permitido.

Procuro pensar positivamente. Tipo, eu venci mais um dia quando consegui lavar os pratos hoje, apesar de não ter varrido a casa ou lavado o quintal, nem estudado nem uma matéria para o concurso do Enem esse mês,ou essa semana ou nesse dia É ruim demais ficar nessa situação que me prende mentalmente e eu não saio desse estado inerte sozinha. Quero avançar, me sinto feliz e entusiasmada quando avisto a possibilidade de sair dessa prisão. No entanto, quando vejo que ainda estou acorrentada, volto ao estado ansioso. Será possível ser feliz e ansiosa? Ainda não sei, mas eu quero ajuda para sair desses estados mentais.

Por fim, embora eu tenha aprendido técnicas de relaxamento, como o Reiki, eu ainda não consigo relaxar totalmente. Ao contrário, a cada ano de minha vida adulta, os níveis de minha ansiedade aumentaram bastante. Dessa maneira, apesar de eu ter conhecimento teórico, eu não sei por em prática efetivamente. Eu preciso sempre de ajuda externa para conseguir me organizar de alguma maneira. Sem uma rede de apoio profissional, eu definho. Inclusive, desenvolvi Depressão Maior, mas não sei se é consequência da ansiedade ou/e das perdas de entes queridos (avó, cães, gata) e da exclusão social decorrente da intolerância e incompreensão da minha inabilidade de interação. Consequentemente, tudo isso tem me empurrado para um vale depressivo de isolamento social como um círculo vicioso em todas as fases da minha vida adulta. 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Oportunidades versus prejuízos no autismo






Eu e mainha fomos hoje tirar nossa carteira de identificação no modelo novo e tivemos que voltar porque o funcionário não compareceu. Eu concluí, diante das situações ocorridas, que isso é comum, mas as pessoas usuárias não reclamam nem os colegas funcionários da mesma instituição (prefeitura) o recriminam. Ao contrário, eles procuram "passar pano" e aceitar todas as desculpas que arranja. Enfim, eu fui denunciar na ouvidoria, mas nem a ouvidoria estava e nem os colegas do mesmo ambiente, porém com funções distintas, não sabiam ou não quiseram informar os horários para que eu pudesse registrar a minha queixa formalmente. Estou esperando uma mensagem no whatsapp de uma promessa do setor da assistência social para que eu possa ir e encontrar alguém da ouvidoria. Voltarei no anexo da assistência social com mainha para solicitar essa documentação, pois repassaram meu número para aquele funcionário, o qual tentou me bajular, mas graças a Deus eu me dei conta e não cai na conversa fajuta. Acabou que "agendou" para o próximo dia útil. Depois, em outro post, eu posso escrever o ocorrido com detalhes. É que eu introduzi esse texto com isso, para dizer que eu me lembrei, após conversar com os advogados que ficam no jurídico, próximo à ouvidoria, que, mais uma vez, eu perdi oportunidades na época da veterinária. 

Eu falei a eles que fiz um estágio na vigilância sanitária e que acabei pedindo desligamento ao setor de RH, Recursos Humanos, após receber bulling de dois funcionários e os denunciei. A mulher do RH me falou que raramente as pessoas fazem isso e que foi bom eu ter falado o motivo. Eu estava apresentando dificuldade na parte administrativa interna, mas na parte das visitas dos fiscais aos estabelecimentos eu conseguia compreender, afinal, era sempre a mesma coisa para orientar os donos. Eu realmente tenho dificuldade no manejo e manobras que envolvem questões administrativas, mas sei que posso aprender, basta ser bem orientada e que sejam bem diretos comigo. Não esperem que eu aprenda só vendo fazer. Além de eu ter que praticar, eu também preciso que me descrevam o que é para fazer. 

Eu passei apenas um mês lá. Quando a idosa começou a me chamar de burra, eu fui ao Gurgel, que era tipo o diretor, denunciar a velha e ele riu de mim enquanto eu soluçava e chorava, apesar de eu ter dito o motivo a ele, e depois alegado que não perderia nada saindo de lá porque queria clínica de cães e gatos, (hoje eu sei que foi uma fuga). Vi que ele não resolveria nada e subi ao RH. Antes, eu tinha ligado para minha mãe e disse a ela, chorando, que não queria mais estagiar ali. Ela me falou que eu tinha uma "psicose" porque isso já havia acontecido no emprego que consegui (após um curso de telemarketing que fiz ter me indicado à antiga Contax). Isso foi em 2002, eu já tinha passado para a veterinária, mas ainda iria começar no segundo semestre. Para não ficar sem fazer nada e ajudar, ao menos, com o garrafão da água de beber, eu pedi pra minha irmãe pagar o curso, ao terminarmos, nos encaminharia. Passei só 21 dias, estava aprendendo e me destacando, segundo a gerente, mas uma funcionária falou algo comigo (não lembro o que) que eu comecei a chorar e liguei para mainha. Ela disse, nesse período e lá na vez no do estágio, que eu "entregasse a Jesus" e que "no começo é assim mesmo. Depois acostuma". No último: acrescido da frase "isso que tu tens é uma psicose". Então, ainda me sentindo mal, me despedi mais chateada e decidi me desligar e sumir. 

O mesmo aconteceu no estágio da época da psicologia. Surgiu uma vaga em uma escola para cuidar de crianças, mas eu não tinha manejo nenhum. Subitamente, a professora resolveu faltar quando eu estava nos primeiros dias. Foi uma tragédia, o antigo estagiário apareceu e as crianças foram para a sala dele. Só ficaram os mais educados. Um que tinha problemas de comportamento, o pior, pegou o canivete de fazer a ponta do lápis e levou para casa sem eu ver. Um dos quietinhos que me contaram depois. Eu fiquei tão sem energia e impactada com tudo isso que não quis mais ir. Falei com o antigo estagiário o ocorrido e disse a ele que pediria o desligamento. Ele disse que assumiria o meu lugar até que encontrassem alguém. Então, fiz isso e voltei para o interior, porque foi na época que minha irmã loira, havia sugerido eu ir para a Bolívia fazer medicina. Eu neguei na primeira pergunta, mas passadas duas semanas, mais ou menos, eu mudei de ideia. No interior, ainda liguei 2 vezes para a agência para informar que eu ainda estava recebendo o valor do estágio, mas que não estava mais e que já havia solicitado presencialmente o desligamento. Eu confesso que me ajudou esse dinheiro, fiquei apreensiva, mas de consciência tranquila porque eu não poderia fazer nada mais além do que já tinha comunicado. 

Na Bolívia, em 2014, o professor de cirurgia, não foi nenhuma vez para a prática, mas eu fui todos os dias achando que tinha aula porque um colega (Marco) me dizia que tinha ido e encontrado o professor e que estava tendo aula, mas eu nunca os achei durante o período do estágio. Lá, também os funcionários ficavam dizendo que ele já estava em aula e que eu fosse para lá e para cá, mas eu não OS achava no hospital público. Ao final, eu falei para outro colega, Lucas, que estava estagiando com tal professor e aí Lucas falou "a sei, muito bom". Aí, eu tinha de ir falar com o decano da faculdade alguma coisa sobre o estágio, não lembro o porque, e ele me perguntou o que achei do estágio com o professor, então, ao invés de falar que eu não encontrei ele em nenhuma vez que fui, eu repeti o que Lucas me falou "muito bom". Mesmo assim, o sumido não quis assinar minha caderneta de presença quando eu fui na aula prática do hospital da faculdade levar para ele assinar. Vi essa vez só o rosto dele e não lembro mais dele. Tinha falcatrua. Bem depois, me disseram que os professores não estavam indo para a prática por não receberem bom salário. Antes de ir descobrindo as coisas, eu achei que seria errado denunciar, mas errado foi não ter seguido minha tendência de não aceitar esse tipo de situação. É que eu já estava tão cansada, de tanto denunciar professor e professora, e estressada com as aulas teóricas não dadas ou mal dadas, provas diferentes dos assuntos das aulas, energia ruim pairando sobre mim de aluno concorrência achando que eu comprava prova, falsidades me rodeando como se fossem amigos sem eu me dar conta, bullings e ignorância direta desses alunos e alguns professores que eu já tava meio que "adormecida", isolada, depressiva, super ansiosa... porque não era só na faculdade, era no Vale de lá também, o local que seria meu refúgio. Muita coisa negativa acontecendo nas minhas "costas", eu tendo pesadelos, sabendo que algo ruim pairava a meu respeito, mas sem discernir. Eu contava temporariamente com um amigo, Welvys e com uma amiga, Ingrid e mais duas colegas, às vezes, mas sempre sozinha, ao final de tudo nos separávamos como sempre. 

Pude fazer um "balanço" quando já estava aqui no interior, meses e anos depois. Tudo acontecendo ao mesmo tempo. Não voltei, como achava que faria. Enfim, é muito longa a história para detalhar. Só sei que fui prejudicada nos meus estudos enquanto estava lá e quando não pude voltar para terminar. Alguns professores sabiam que eu estudava e davam as aulas certinho, além de se conectarem comigo. Achavam injusto os outros me prejudicarem junto com a grande maioria da turma. Recebi dicas para juntar as peças. Antes de vir, eu já estava buscando outra faculdade lá, mas minha irmã, estranhamente, não queria que eu mudasse da faculdade que ela se formou. Depois, não me deixou mais voltar e eu ainda fiquei como a culpada por ter vindo no meio do ano em 2014. Eu estava até faltando aula prática, coisa que eu odeio é faltar. Eu estava muito mal, com dores lombares, mas acho que era somatização de tanto estresse. Eu não me submeti à corrupção da faculdade, embora tenha dito "muito bom". Eu sinto muito por ter dito isso. Me envergonho, mas também sei que eu estava confusa em como agir e cansada, pois estava no quarto ano e já tinha enfrentado muitas coisas sozinha, desde humilhação em público até birra de professor e colegas de curso de olho na minha nota ou no meu dinheiro tentando me persuadir a comprar provas. Cada ano que se passava, quanto mais eu não entrava no sistema, mais me forçavam a entrar no esquema diminuindo minhas notas, aumentando a de colegas, me fazendo perder aula ao trocar horário sem aviso prévio, dando aula de qualquer forma e colocando assunto totalmente diferente, entre outras maldades. 

Eu fico ansiosa só de lembrar disso e daqueles outros citados acima. Eu tive muitas oportunidades, mas não foi minha culpa tê-las perdido. Eu me dediquei ao meu limite, quiça além dele, uma vez que minhas comorbidades aumentaram mais que 100% ao longo dos anos desde a adolescência. Contudo, foi na fase adulta que adoeci mais, a ponto de somatizar com mais intensidade e gravidade. 

Lembrei agora do "emprego" em um petshop na periferia de uma cidade vizinha de Recife. Eu receberia por comissão, por isso as aspas. Eu fui três dias, já no ônibus de ida eu ficava mega ansiosa que nem a técnica do psych-k resolveu esse estado mental. Parecia que eu "pisava em ovos" e que eu "andava contra a corrente". A desculpa para eu não querer mais ir lá foi o fato corroborador de que as donas queriam se impor à minha formação; ligarem para a minha colega para perguntar se meu procedimento estava correto e me corrigirem; eu ter dito a elas que não se dava vacina em cachorro doente na frente de um cliente; por eu ter dito a elas que eu era mais adepta às terapias alternativas; por eu ter feito um cão sentir dor com uma injeção intramuscular no músculo bíceps, pois eu aprendi na graduação a dar no quadríceps, mas inventei de praticar a teoria da pós graduação que falaram que era melhor no braço porque na perna tem o nervo ciático; por elas terem provocado competição entre eu e Abacaxi, pois eu a chamei para revesarmos no atendimento e acabamos nenhuma das duas ficando; por eu ter recebido apenas 30 reais no fim de semana que eu passei trabalhando. Entenderam? o que vocês entenderam? pergunto para amenizar a energia. Igualmente, me sinto péssima falar nisso, mas aliviada por poder explicar os fatos segundo a minha perspectiva. 

Também teve outro quase emprego assim que me formei na veterinária, na Abdias de Carvalho, em Recife, mas eu nem decidi ficar quando eu escutei o dono do petshop me dizer "verdinha, assim que eu gosto". Não gostei pelo fato de parecer que ele queria comandar meu atos ali dentro. Como se eu não fosse ter autonomia. E isso se repetiu no petshop de Gravatá. Assim, ao mesmo tempo que eu precisaria de orientação de veterinário(a) coerente que me acompanhasse durante meses, eu tinha medo de fazer mal aos peludos. Eu já fico muito nervosa _suando muito e tremendo_ com uma simples injeção subcutânea, imagina nos outros procedimentos. Não sei mentir nem dissimular confiança e segurança, portanto, nem tentei. Tudo isso era "demais" para minha "cabecinha" que me deixou apreensiva e eu fugi. O emprego no interior da Bahia, eu também fugi, pois achei estranho demais a colega da pós-graduação me empurrar o emprego maravilhoso dela. Eu teria de abandonar o curso e minha vida em Recife às pressas, não tive nem tempo de raciocinar. Achei que ela queria que tudo fosse muito rápido, então eu não aceitei. 

Contudo, eu fiquei interessada em começar minha independência financeira desde a primeira vaga, o sonho de por em prática meus resumos, meu limitado conhecimento teórico, mas como eu disse, eu era insegura e todas aquelas questões sociais me "atavam as mãos e os pés". Quando eu via a sala, só pra mim, meu ego queria aquela satisfação, mas não o suficiente para enfrentar o medo de fazer errado e machucar. Vivi um conflito enorme nessa fase de mudança entre ser estudante e profissional recém formada solta sem orientação devida. Na medicina, os recém-formados têm orientação devida em todo e qualquer lugar que trabalham por médicos experientes, além de serem bem capacitados nos últimos anos do curso, pelo menos, no Brasil. As outras faculdades particulares latino-americanas pecam nesta parte prática e eu não tinha esse discernimento, pois não generalizei até passar pelo último ano no Paraguay. Aliás, estou refletindo sobre isso agora ao escrever este texto. A desculpa da maioria dos alunos é que farão o Revalida. Bem, isso é verdade, terão de passar por concurso teórico e prático e para isso há cursos, só não sei se é suficiente. Eu soube que, no Brasil, os estudantes de medicina começam a prática desde o primeiro ano. Então, fica a critério e consciência de cada um, porque eu só sei de mim. Eu preciso de apoio especial e isso significa que sou capaz de aprender, mas de uma forma diferente. 


terça-feira, 1 de agosto de 2023

Hiperfoco no Reiki




Eu não tinha me dado conta até uns dias atrás, que eu passei o começo da minha vida adulta maior hiperfocando  no Reiki. Eu não relatei isso no volume de e-books Mundo de Marília porque eu ainda não tinha refletido sobre isso. Em um insight, talvez por ter rememorado autistas dizendo que o hiperfoco, não necessariamente, vai fazer do autista um expert, mas é um comportamento de estar sempre pensando e falando em um determinado assunto ou tema. 

Sendo assim, as lembranças dessa definição ficavam voltando como um pensamento obsessivo na minha mente e esse processo mental de aviso parou quando tive o discernimento "você só queria aplicar reiki quando fez o curso. Aplicava a técnica do jeitinho que te ensinaram em cada detalhe, em cada familiar, em cada animal não humano, nas plantas, na casa. Pensava e fala nisso o tempo todo, inclusive absorveu todos os 5 princípios do reiki. Tentou trabalhar com isso, inclusive comprou maca-maleta, mas levou calote da falsa empresa on line. Não conseguiu ganhar dinheiro, então, desfocou dessa terapia alternativa fazendo outros cursos na mesma linha de tratamento energético". 

Enfim, continuei focando só na energia. Eu era tão radical que não admitia matéria nenhuma na interferência do processo de cura, nem agulhas, nem homeopatia, nem fitoterapia, muito menos tratamento alopático, inclusive antibiótico, o qual já tinha ojeriza desde a época do último ano da veterinária. Inclusive, a minha ex-orientadora me sugeriu fazer uma pesquisa com antibiótico e eu não gostei. Aí, ela sugeriu outro tema na área de parasitologia direcionado para o sistema nervoso. Aí, eu aceitei porque era uma matéria que eu gostava.

Eu costumava ir também receber reiki, mais que doar, porque parecia que eu estava bloqueada para enviar às pessoas desconhecidas. Eu sentia mais fluindo nas mãos quando aplicava em casa em mim, na minha gata, nas plantinhas dela e nas mudinhas, na família e em mim. Ocorreram problemas sociais, como sempre, e me afastei do primeiro grupo. Conheci outro grupo, mas também me afastei. E assim, fui me afastando e me isolando sem entender porque dava errado, apesar de eu saber que aquele era o caminho que a minha alma se agradava. "O caminho que me levaria para volta da casa do Pai". Me emocionei agora ao lembrar dessa frase que foi quando senti no último dia do curso de reiki 1-2, em 2018. Foi bem claro esse sentimento, uma raridade. 

Assim, interrompi a ida porque eu não tinha dinheiro, dependia da boa vontade da minha irmã no que ela queria investir e quando ela queria. Eu não tinha muito espaço para ser eu mesma, mas ainda tentava, por isso as brigas frequentes. Ela era muito mandona e, se eu não me submetesse, teria conflito. Então, fui me perdendo de mim, da minha essência, do que eu acreditava. Fui me esquecendo, na verdade, do que que era tão nítido em mim. Fui me mesclando, no masking. Como não tinha incentivo, fui achando que deveria fazer o que ela, meu pai e minha mãe achavam mais importante. O reiki não me daria um futuro promissor com muito dinheiro para viver bem materialmente. Eu fiz isso porque acreditava que eles estavam certos e eu poderia estar enganada, inclusive na questão religiosa. A minha razão me dizia que eu estava certa, mas meu sistema inconsciente, lá no fundo, me direcionava para longe de mim e mais perto dos ideais deles. Depois deles, das outras sociedades. 

Eu não esqueci do reiki, ele está guardado aqui no coração. Tudo o que perdi ressurgirá em um novo cenário onde eu estarei formada em medicina, com a cabeça mais moderada, utilizando os métodos tradicionais do ocidente com os métodos tradicionais do oriente. Terei uma sala para aplicar em humanos e em não-humanos como se fosse um refúgio de paz e tranquilidade, um pedacinho de paraíso recebendo os necessitados, inclusive um cantinho meu de reenergização. Nem que seja com 60, 70 ou 80 anos, estarei me aproximando do "caminho do Pai", sem o exagerado corporativismo das igrejas.

Visite o meu primeiro vlog no Youtube e veja as aplicações de reiki que fiz na minha primeira gata, Dora, e na gata de minha mãe. Clique em visitar vlog e veja um dos vídeos do canal.

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segunda-feira, 26 de junho de 2023

Máscaras criadas: convívio garantido?

 



Como esse desenho acima, as máscaras sociais criadas por nós é uma forma de interagir, lidar e de se proteger da toxicidade comum vindo do mundo externo. Isso acontece porque autistas não são assertivos socialmente e acabam “copiando e colando” as pessoas geralmente próximas e aparentemente bem adaptadas à sociedade, inicialmente de forma inconsciente e depois de maneira consciente.

Se profissionais desconhecem o entorno dos autistas, haverá uma alta chance de errarem no entendimento de pessoas buscando o diagnóstico. uma vez que se eles conhecem seus familiares a fundo, inclusive desde a adolescência, eles verão o quanto de influência autistas apresentam em suas respostas verbais e comportamentais.

No meu caso, eu tenho um exemplo bem interessante. Uma das máscaras marcantes em minha vida até os dias atuais é a chamada “Márcia”. Recentemente, eu fui grossa e rude com a minha mãe _ aliás, todos os meus irmãos paternos são rudes com ela, a que menos fala forte é a irmã loira, mas tem aumentado e pego para si nossa maneira de chacoalhar minha mãe. Antes de acontecer o último grande bullling, em nível internacional (2018 aos dias atuais), eu era mais educada com a minha mãe e não perdia a paciência com ela facilmente. Se você quer saber como era a minha relação com a minha mãe, clique aqui para ler o texto.

Voltando... A máscara da minha irmã mais velha, Márcia, é muito forte, uma das responsáveis por mim na adolescência e na vida adulta inicial. Recentemente, a minha mãe me perguntou algo óbvio e eu me irritei com ela. Até 2017, eu não me irritaria, mas ainda estou sob o efeito do estresse pós-traumático, não tão forte quanto no começo dessa injustiça, pois estou gradualmente me recuperando com a ajuda profissional e de pessoas amadas. Enfim, eu me percebo com a mesma entonação e postura moralista dessa irmã. Até a voz fica com um timbre parecidíssimo. Quem a conhece, diria que é ela e não eu. Eu até disse a mainha que não sou eu quem briga com ela, mas a “máscara” Márcia. Se eu tentar conscientemente, não sai tão perfeito quanto no automático.

Embora haja comportamentos cuja justificativa seja inaceitável, eu sempre procurei uma explicação para essas atitudes. Dependendo da origem dos motivos, eu busco compreender e aceitar até que a pessoa mudasse ou até que eu chegue ao meu limite. Sim! Eu tenho limites para aceitar comportamentos desrespeitosos comigo e com o outro. Quando já não aguento mais _ isso demora _ ou quando a “dose” foi tóxica demais, eu me afasto definitivamente, pois eu não posso deixarem me agredir assim. “Enterro” o passado e sigo em frente, procurando ser uma pessoa melhor que eu já fui. A minha intenção é fazer diferente e melhor. No começo, foi difícil mudar, mas a vida me obrigou: “ou você muda, ou será engolida tanto pelos “lobos” quanto pelas lembranças ruins que insistem em voltar a sua mente”.

Mudar também é uma técnica que aprendi para higienizar as minhas lembranças. Mudar significa para mim um sinal de fortaleza, porém ter o cuidado para não se tornar “um lobo”. Você apenas aprende a lidar com esses “lobos”. Nunca achei que ser o lado opressor fosse vantajoso ou bonito. Ao contrário, passar-me por má pessoa para atender a demanda social é angustiante. O opressor sempre será uma pessoa ruim, no meu entendimento, é aquele sempre se comportará dessa forma com qualquer vulnerável.

Há uns 10 anos atrás, quando a minha sobrinha, filha dela, era bebê, eu fui visitá-la, mas minha irmã não estava. Quem estava era mulher que trabalhava lá na limpeza que me colocou para interagir com a menina. Teve um momento que ela saiu de perto, pois não queria mais rabiscar, então, eu a chamei igualzinho a Márcia, e ela veio de imediato, provavelmente um estímulo positivo da mãe.

Na adolescência, eu buscava palavras para descrever algo que eu tinha observado ao conviver com Márcia no apartamento do edifício Santa Mônica. Finalmente, após alguns meses, eu consegui encontrar palavras. Foi exatamente isso: “eu e ela somos muito parecidas em personalidade, mas diferentes em ideais”. Com certeza, eu errei no termo “personalidade”, pois a minha estava se moldando, logo, o certo seria caráter para mim. Além do mais, com o entendimento que eu tenho hoje, já na beira dos 40, com 39 anos, o comportamento que eu usei em muitos casos se espelhavam nela e no meu pai que eram muito dominantes, mas a minha tendência de criança até hoje é ser uma pessoa muito quieta. Quando eu comecei a estudar na Bolívia, eu já era muito mais branda tanto por ter convivido com a irmã loira e ido a templos espiritualistas.

Meu irmão me disse uma vez, em 2014, “pai é muito tóxico, parece até que me invade e eu fico tóxico também, aí perco o controle”. Eu concordei. Falando em meu pai, ele me incentivava a ser igual a ele. É como se ele quisesse que eu não fosse parecida com minha mãe, ou seja, eu mesma. Lembro dele dizendo que eu era igual a ele por tomava iniciativa e ser comunicativa. Mentira! Quem conviveu comigo sabe o quanto eu era “na minha”. No entanto, eu sempre soube da minha capacidade de aprender, era só me darem oportunidades equitativas.

Márcia sempre tomou a frente de tudo, e eu não a inibia, eu a deixava resolver tudo. Assim, fui ficando dependente dela e não me vi estimulada a ser independente até me formar em veterinária. Ali, as dificuldades já eram enormes e crônicas demais para uma mudança repentina. O apoio que eu precisava era maior do que a estratégia de “dificultar” propositalmente minha vida para ver se elas conseguiriam me desprender desse vínculo executivo (para mim) e financeiro (para elas).

Como minhas duas irmãs têm status e dinheiro, meus progenitores, acreditavam que elas deram certo na vida, pois eles desconsideraram a questão afetiva. Então, inconscientemente, eu também fui incorporando que elas obtiveram sucesso e que eu poderia copiá-las, até porque elas me passavam segurança também. Hoje, eu sei que elas são tóxicas para mim, mesmo que uma delas não queira ser assim. A intenção é boa, mas não lida bem comigo como eu sou querendo me mudar, assim como o meu pai. Isso me prejudicou de uma forma tremenda, até para que eu mesma possa ser quem eu sou e agir em conformidade com o meu jeito meigo que perdura até hoje. Veja a descrição de mim segundo as pessoas nos meus 2 cadernos de recordações dos anos 90. Assista a eles no meu segundo canal do youtube clicando em caderno de recordação 1 e caderno de recordação 2. É que eu não consegui anexá-los no google drive, na pasta onde estão os 7 volumes do Mundo de Marília. Se você ainda não leu os volumes, clique aqui para baixá-los.

Lembrar-me disso me emocionou, pois eu tenho dificuldades de “enraizar” e sinto falta dos poucos momentos que eu senti a minha própria presença.

Isso não quer dizer que eu não tenha personalidade definida e estável. Embora eu tenha sido insegura com relação ao meu discernimento social, eu tenho qualidades e defeitos como qualquer pessoa normal. Autistas são normais e atípicos, veja a explicação no gráfico hipotético que fiz neste texto. Sendo que alguns dos meus defeitos me causam prejuízos graves e não me deixam avançar na questão financeira, pois são inabilidades sociocomunicativas e inflexibilidade.

Algumas minhas qualidades desde a infância são justiça social, filantropia, ser estável, cumprir tarefas quando já se tornou um hábito, passar confiança na relação interpessoal por fidelidade, honestidade, inteligente, amigável e amável (embora essas 2 questões causem polêmica, mas eu tento, tenho a intenção desde sempre de ser. Possivelmente, por desconhecer ou discordar de regras sociais isso seja tão discutido pela forma de expressar ou de não expressar).

Era um hábito e um dia, meu pai frisou verbalmente, que eu “gostava de dividir até um confeito”. Eu estava com 10 anos ou mais, nesse período, quando eu perguntei às pessoas ali se elas queriam um pedaço da bala refrescante que eu tinha tirado do bolso: “quer?” Ninguém quis. E eu entendi naquele momento, após o juízo de meu pai e da resposta negativa das pessoas, que aquilo era tão pequeno que eu não precisaria dividir senão eu ficaria com quase nada. Mesmo assim, continuei com um sentimento de querer sempre compartilhar com quem não tinha e com tristeza de estar em uma situação melhor que aos moradores de rua e de quem não poderia ter o que eu tinha materialmente me referindo.

Além disso, eu sempre me recusei a ser melhor que os outros, inclusive na reputação. Eu infringi regras sociais que eu aprendi e estava com uns 17 anos para fazer juízo disso. Passei, nessa idade, a deixar de brincar de bonecas com a irmã mais nova, Livinha, que começou a vir brincar comigo no lugar da irmã mais velha quando eu tinha 15 anos. Aos 17 anos, comecei a “andar” mais com uma garota também mais nova que eu e que era inteligente e esperta demais. Minha mãe e meu pai não gostavam pois ela era “falada” e eu não gostava de que me colocassem em um pedestal dessa forma, diminuindo os outros. Assim, passei a querer estar na mesma fase que elas de descobrimento, mas eu estava atrasada nesse sentido, pois minha paixão foi fixa por 4 anos ou mais, mas nunca senti vontade sexual e nunca tivemos preliminares, muito menos transamos. Todavia, levei a fama. Não me defendi e deixei que a imaginação “corresse” solta e que cada um entendesse da forma que lhes convinha. O que pode confundir é o meu jeito de estar feliz quando eu consigo um elogio verdadeiro. Não escondo e as pessoas podem sentir-se mal por ter subido tanto minha energia.

Bem, então, como meu pai tinha se aproximado de mim no início da minha adolescência, comecei a “tecer” a máscara João pai. Comecei a falar alto, a encher o prato feito uma montanha e a comer rápido, por exemplo, fazendo dessas características um mascaramento notório já que é dominante em relação à minha tendência, mas aparecendo só em determinadas situações, principalmente quando estávamos conectados. A conexão (direta e indireta) é essencial para que as máscaras sejam ativadas, por isso, a diversidade de comportamento e de interpretação dos que conviveram comigo. É tipo assim: “não sei como me portar, urgente, vou usar essa máscara para me salvar”.

A primeira vez que me dei conta disso foi quando eu estava com Dea e as outras amigas da faculdade no carro de uma delas. Eu estava no último ano e minhas atividades me deixavam com mais tempo livre, pois eu não tinha mais provas nem muitas matérias. Estávamos vindo de uma das pracinhas depois de interagirmos. Dea falou “tá vendo, já mudou de comportamento e apontou pra mim”. Então, eu fiquei reflexiva, mas não me defendi. Afinal, eu tinha de pensar sobre aquilo, sobre aquele autoconhecimento. Além do mais, ninguém me solicitou para falar sobre. Na interação, Michele era muito engraçada, fazia palhaçadas, eu ria demais e tínhamos todas em comum o tema LGBT+. Assim, eu criei um repertório com as neologias criadas por ela e as outras meninas. Eu achava engraçado e repetia tanto na hora da interação como até hoje. Elas me animavam e me tiravam de um estado extremamente estressante.

Depois que eu e o grupo nos distanciamos, porque minha segunda ex (chamada por elas de “a louca”), estava na cola das meninas e eu queria distância pelo mal físico e psicológico que ela me causou. Inclusive, na audiência judicial, foi determinado ela manter essa distância de mim sob pena de ir presa se não cumprisse, pois ela estava me perseguindo e me expondo nos lugares e com as pessoas que eu conhecia (pegou meu celular e anotou os meus contatos). Seguramente, ela implantou discórdia no grupinho. Ela tinha esse “mal espírito” de causar confusão onde estivesse, inclusive com as outras ex ela agia abusivamente também. Sei disso porque ela tinha um perfil no orkut com uma descrição mais ou menos assim: “pelo menos eu demonstrei meus sentimentos” e que estava assim desde a namorada anterior, comigo e com a depois de mim. Com o tempo, fui deduzindo através das pistas, que ela me traia com mulheres e homens e a turma me interpretava de várias maneiras, mas só Abacaxi me compreendeu de verdade. Sempre tem uma pessoa que consegue me ver além das máscaras.

Se você quiser saber mais, sobre os diversos perigos e abusos, faça o download dos e-books, gratuitamente, onde falo com detalhes de outros abusos durante toda a minha vida, desde criança.

Sabe quando você está em seu estado fundamental e recebe energias quando interage e começa a “mofar” e se expandir? Só que, a maioria das vezes, é inconsciente. Quando tentamos de forma consciente, fica uma coisa rasa ou inapropriada justamente porque não consideramos o contexto. Esse tal de contexto me era um estranho até a época do curso de acupuntura. Em 2016, a professora Leila falou sobre “discurso” em sala, faltava apenas 6 meses pra terminar, mas minha irmã loira dificultou a minha vida e não terminei. Enfim, eu parei a aula e perguntei o que era isso que ela se referia. Bem depois, quando eu estava me autodiagnosticando, que entendi e lembrei que esse assunto havia entrado na minha vida na época do curso Licenciatura Agrícola na UFRPE. As meninas e eu nos matriculamos pois tínhamos direito às vagas por já termos estudado outra graduação. Eu comecei, mas não terminei, pois um professor começou a praticar bulling comigo. Ele se enfezou comigo, após eu ter uma atitude com um colega que ele considerou “é chato e difícil, eu sei”. Eu não havia percebido que fui inapropriada e ele começou a “pegar no meu pé” nas próximas aulas. O denunciei e me desestimulei a ir para a faculdade. Logo após a denúncia, eu avisei que não frequentaria mais essa graduação de 2 anos apenas.

Infelizmente, fui muito prejudicada ao longo da minha vida, inclusive as coisas se complicaram quando me tornei adulta, por ser mais cobrada e entenderem que eu era “dona de mim”. Se já é complicado com o laudo, imagina com o subdiagnóstico! As pessoas com pouca conscienciosidade não nos respeitam, principalmente se somos mulheres e demonstramos fragilidade aparente.

Portanto, o mascaramento é um “escape” utilizado de forma subconsciente no começo da socialização da criança e vai se tornando um mecanismo consciente, inclusive quando há autoconhecimento. É uma forma da mente autista se blindar e se defender, principalmente, mas também de interagir em geral. Porque, muitas vezes, não sabemos o que falar, como falar, onde falar, onde calar, ao longo da nossa vida. Então, generalizamos e utilizamos as máscaras em situações onde o contexto pode ser diferente e não “cair bem”. Entretanto, tem situações, que elas são bem aceitas e a interação ocorre com êxito, não deixando os interlocutores perceberem nossa dificuldade social.

domingo, 25 de junho de 2023

Lucy me disse que eu sou autocentrada, não egoísta.

 


Em uma sessão na casa de Lucy, uma das psicólogas que me acompanhou, ela me falou que eu não sou egoísta nem individualista, mas autocentrada e filantropa. É que eu tinha dito a ela que me diziam que eu era daquele jeito por falar muito "eu" e "olhava apenas para meu umbigo" e que eu não era capaz de enxergar o outro. Eu senti um alívio ao ouvir de uma profissional isso e concordei com ela. Eu tinha levado, inclusive minha agenda onde eu escrevia meus textos pessoais sobre as impressões da vida e as inspirações que eu tinha. Ela agradeceu a confiança e me disse que reservasse um caderno para escrever sempre que fosse necessário, pois um dia (no futuro) eu iria gostar de reler e ver como eu era e no que eu me tornei. 

Eu sou uma boa pessoa

"Você é uma pessoa boa, Mari". Essa frase eu já escutei algumas vezes de amigas e amigos "irmãos". Eu comecei a entender...